
A sangria das bolsas de valores chega às quatro principais empresas gaúchas — mas com menor intensidade do que a observada em outras regiões do mundo, onde houve quedas históricas. A coluna reúne abaixo o efeito do tarifaço de Donald Trump nas quatro empresas gaúchas que compõem o principal índice da bolsa de valores brasileira, o Ibovespa.
Entre o anúncio de quarta-feira (2) e o fechamento desta quarta-feira (16), as ações preferenciais da Gerdau caíram 8,31%. A gigante de aço com raiz gaúcha tem defesa relativa contra o protecionismo de Trump, uma vez que grande parte de sua produção está nos Estados Unidos, mas como há risco de recessão por lá, a vantagem perde força.
O sócio da Fundamenta Investimentos, Valter Bianchi Filho, ainda observa que a queda das ações da Gerdau tem efeito de uma possível reorganização do comércio global. O aço chinês será taxado em 145% ao entrar nos Estados Unidos, perdendo competitividade por lá. O cenário deve empurrar os asiáticos para mercados de outros países, e a Gerdau pode perder participação em algumas regiões. O risco é cobrado no preço das ações.
Por outro lado, as ações SLC Agrícola subiram 8,03% no período. O que favorece os papéis, afirma Bianchi Filho, é a percepção de que a agropecuária pode ser beneficiada pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, aumentando o apetite dos dois países por grãos brasileiros.
As ações da Lojas Renner também caíram, de forma menos acentuada. A queda desde o anúncio do tarifaço totaliza 3,52% até o fechamento desta quarta-feira. A pressão também vem da possível realocação do varejo chinês. Com menor entrada de roupas asiáticas nos EUA, mais produtos asiáticos devem vir para cá, mercado em que a Renner opera.
Já a Marcopolo não deve ser tão afetada pelo tarifaço, analisa Bianchi Filho. As ações preferenciais da gigante de Caxias do Sul subiram 3,83% no período.
— O mercado não gosta de incerteza. Quando há incerteza, há fuga de capital, o que significa bolsas em queda. É difícil dizer até onde vai o conflito entre EUA e China, mas não vai ser bom para ninguém — avalia Bianchi Filho.
O efeito do tarifaço
- Gerdau | -8,31%
- SLC Agrícola | +8,03%
- Lojas Renner | -3,52%
- Marcopolo | +3,83%
*Colaborou João Pedro Cecchini