O resultado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de janeiro, de 0,89%, divulgado nesta segunda-feira (17), veio acima do esperado. Embora seja, de fato, elevado para quem espera poder "calibrar" o crescimento, havia expectativa de um primeiro trimestre ainda forte, seguido de um segundo mais moderado, com o segundo semestre mais próximo de estagnação, se não com alguma queda de PIB.
Apesar de os dados de indústria, comércio e serviços terem mostrado sinais de desaceleração, economistas já projetavam um bom resultado na agropecuária no primeiro trimestre. Claro, janeiro não é um mês de grandes resultados de colheita, mas já registra movimento com preparativos.
A surpresa de janeiro se parece com a do primeiro trimestre de 2023, quando a safra agrícola fez os produtores serem chamados de "sultans of soybeans". Mas há uma diferença relevante: na época, a sensação era de "está ruim, mas está bom". Agora, a avaliação é inversa: está bom, mas está ruim.
No início de 2023, a taxa de juro estava quase no mesmo patamar atual – um pouco acima, inclusive, em 13,75% ante os atuais 13,25%. No entanto, a perspectiva era de início de um ciclo de baixa, o que efetivamente ocorreu a partir de agosto daquele ano.
Agora, a volta da inflação obrigou o BC a retomar um ciclo de alta que tem nova elevação contratada de 1 ponto percentual na quarta-feira (19) e futuro imprevisível, que vai depender exatamente do comportamento dos preços.
A obrigação do BC agora é desacelerar a economia. Se isso não ocorrer até o segundo semestre, aí sim será motivo para voltar a questionar se o o Brasil ingressou em um momento descrito com um palavrão, a famigerada dominância fiscal.
Os bons resultados da safra nacional devem ser novo alerta para o Rio Grande do Sul, que enfrenta uma estiagem depois de uma enchente: ainda temos muito caminho pela frente na busca de um sistema sustentável de irrigação para evitar as perdas cíclicas de safra.