Pesquisa feita pelo instituto Quaest apresentada nesta quarta-feira (19) mostra que 58% dos integrantes do mercado financeiro projeta recessão ainda para este ano. A consulta foi feita a 106 gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão de fundos de investimento com sede em São Paulo e no Rio, entre quarta-feira (12) e segunda-feira (17).
Uma das primeiras manifestações sobre a ameaça de recessão foi feita pelo consultor econômico da Fecomércio-RS, Marcelo Portugal. No mês passado, o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, ex-diretor de política monetária do Banco Central (BC), considerou o risco "baixo", embora não o descarte.
A pesquisa da Quaest não detalha essa projeção, mas seu diretor, Felipe Mello, afirmou que esse foi o dado que mais o surpreendeu. Outro resultadeo que a essa altura não é inesperado, mas materializa uma percepção que se construiu desde novembro passado é o desgaste da imagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad: agora, seu trabalho é considerado negativo por 58%, com alta de 34 pontos percentuais ante levantamento anterior.
Mesmo com o estrago provocado pelo anúncio de um pacote tímido de corte de gastos com o da isenção de IR para quem ganha R$ 5 mil ainda sem clareza sobre a devida compensação – como ficou claro no anúncio de terça-feira (18), em dezembro de 2024, a avaliação negativa era de 24%. Em apenas três meses, saltou para 58%.
O que ocorreu entre uma avaliação e outra foi outro episódio que deixou Haddad em xeque, o do recuo no monitoramento das operações de Pix.
Isso não parece significar, porém, que as medidas de Haddad sejam consideradas negativas. O problema, fica claro em outra pergunta, sobre a "força" do ministro: para 85%, está menor e só 1% avalia que Haddad está mais forte. Outro dado que sustenta essa interpretação está na pergunta sobre quem é o responsável sobre a direção da política econômica: Lula é apontado por 92%, Haddad por 5%. E 93% avaliam que o rumo está errado.
A pesquisa foi encerrada antes do anúncio oficial da isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil mensais, que foi recebida com oscilação negativa no dólar e bolsa com maior pontuação desde outubro do ano passado, antes dos episódios mais recentes de desgaste do governo.
Divulgada no dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar o juro para o patamar mais alto em oito anos, o melhor desempenho de um integrante do governo foi o do presidente do BC, Gabriel Galípolo.
A avaliação é positiva para 45%, mas não é necessariamente entusiasmo. A maioria considera "muito cedo para avaliar" suas decisões. No entanto, até agora 20% consideram que sua gestão tem sido "melhor" do que a do antecessor, Roberto Campos Neto, e 49% veem como "igual" – o que já seria bom. Só 3% avaliam como "pior".