
Em comunicado divulgado a investidores no domingo (16) (veja aqui), a XP complementa — em um tom acima — o que já havia afirmado na quarta-feira (12) em que havia sido acusada pela casa de análise americana Grizzly Research de operar um "esquema Ponzi", comparável a uma pirâmide financeira – quem chega primeiro ganha, os demais pagam o pato.
A XP agora declara que a Grizzly Research é "pequena e desconhecida, com credibilidade duvidosa e envolvida em polêmicas anteriores". E ainda acusa a consultoria americana de lucrar "derrubando preços das ações e títulos das empresas que supostamente analisa". As ações da XP caíram quase 5,5% na bolsa americana no dia da publicação do relatório.
Ainda no comunicado, a XP promete responder "com todo um arsenal de medidas legais". A empresa também esclarece dúvidas sobre os fundos Gladius e Coliseu, alvos do relatório da Grizzly Research: "São veículos exclusivos da tesouraria da XP Inc., nos quais a própria companhia é a única cotista. Não captam recursos de clientes, tampouco dependem da entrada de novos participantes para manter suas operações ou compor seu patrimônio líquido e, portanto, sua estrutura de rentabilidade não pode ser comparada com fundos de investimento que são distribuídos abertamente no mercado".
Em esquemas de pirâmide, os retornos pagos aos investidores vêm do dinheiro de novos participantes, e não de lucros reais. "O resultado das suas carteiras é fruto da atuação da XP em diversos mercados e instrumentos nos quais a companhia tem uma participação significativa", diz o comunicado.
A assessoria de investimentos ainda escreve que o "modelo segue práticas amplamente adotadas por outras grandes instituições financeiras e é devidamente regulado pelos órgãos responsáveis no Brasil (Comissão de Valores Mobiliários e Banco Central) e nos Estados Unidos (Securities and Exchange Commission, a SEC)", além de contar "com administradores e custodiantes autônomos, como a BNY Mellon, que asseguram a conformidade dos ativos, a liquidação das operações e o cumprimento de normas e regulamentos de forma isenta".
Os Certificados de Operações Estruturadas (COEs), também tópico central das irregularidades apontadas pela Grizzly Research, "representam somente 3% dos investimentos sob custódia da XP". A consultoria americana havia dito que "são produtos de investimento predatórios que a XP empurra agressivamente para seus clientes de varejo brasileiros". Conforme a Grizzly Research, o fundo Gladius paga "indevidamente novos prêmios que recebe da venda de produtos COE para a XP como lucros".
*Colaborou João Pedro Cecchini