
O ano marcado pela enchente, que paralisou as vendas da empresa no segundo trimestre, terminou bem para a Melnick. As vendas alcançaram R$ 837 milhões líquidos, 3% a mais do que as do ano anterior. Com isso, a incorporadora gaúcha fechou 2024 com R$ 71 milhões de lucro e geração de caixa de R$ 71 milhões, 37% acima de 2023. conforme balanço apresentado nesta quinta-feira (20).
— É um resultado importante não só para a Melnick como empresa isolada, mas como integrante da economia gaúcha, porque a produção imobiliária é fator de desempenho. Havia o temor de que as consequências da enchente desacelerassem a economia gaúcha por longo tempo, mas isso parece não ter ocorrido. Estamos satisfeitos por contribuir com uma recuperação mais rápida — afirma Leandro Melnick, CEO da empresa.
Conforme o empresário, um dos fatores que permitiram esse resultado foi o ganho de participação de mercado da incorporadora, graças à sua posição conservadora, que se traduz em não ter dívida nesse momento em que o juro alto causa estresse em empresas com endividamento elevado.
Como no ano passado a Melnick aumentou em 49% seus lançamentos, o empresário afirma que isso é sinal de que vai manter emprego e renda nos próximos quatro anos. O conjunto prevê movimentação bruta de R$ 1,5 bilhão, dos quais R$ 1,1 bilhão líquidos para a incorporadora – a diferença representa parcerias com outras empresa e permutas feitas com proprietários de imóveis.
Isso não significa, porém, que a Melnick não seja afetada pela alta da taxa Selic, admite Leandro:
— Estamos diminuindo os lançamentos nos segmentos mais afetados pelo juro alto, classes média e média alta, em que sentimos violenta redução de compra. Como a Melnick atua em vários segmentos, estamos concentrando no alto padrão, no segmento econômico (Minha Casa Minha Vida) e em loteamentos.
O que o empresário prevê como resultado do juro na estratosfera é "um quadro próximo da estagnação ou até recessão".
— Esse aumento de juro é muito ruim para a economia e para nosso setor. E embora seja muito negativo, é consequência da política econômica do governo. Se o governo a mantém, o Banco Central é obrigado a fazer isso.
A situação excepcional da Melnick, acrescenta o empresário, permitiu à empresa fazer uma distribuição de dividendos de R$ 150 milhões por redução de capital, algo pouco usual no mercado de capitais.
— Como a empresa é muito sólida e não tem dívida, não tem necessidade de reter lucro para se desalavancar (quitar os débitos) e se preparar para tempos difíceis. Como o mercado está mais difícil com o juro alto, não precisamos reter caixa para sustentar um grande crescimento. A visão de mercado mais difícil e a situação de caixa confortável nos permite fazer isso — detalha.
Um dos resultados dessa estratégia, reconhece, é reforçar a percepção da Melnick no mercado de capitais como grande distribuidora de dividendos.