Nem a oficialização da tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio dos Estados Unidos fez o dólar voltar a subir para o patamar de R$ 5,80. A confirmação até trouxe nervosismo ao câmbio no início desta terça-feira (11), quando a moeda chegou a ser cotada em R$ 5,805, mas – outra vez – não sustentou. O fechamento foi em leve baixa de 0,31%, para R$ 5,767.
Como o imposto de importação sobre aço e alumínio deve começar a valer apenas em 12 março, há expectativa de que ocorram mudanças nas regras, como inclusão de isenções ou cotas, o que amorteceria o impacto da medida. O curioso é que o próprio Trump gravou um vídeo afirmando que isso não ocorrerá. Mas parece ter pesado mais o antecedente com México e Canadá e a possibilidade de recuar se houver um acordo favorável de seu ponto de vista.
O movimento sugere que o mercado está mais cético em relação às ameaças do republicano, que corre o risco de passar a anunciar "a última de Trump". Analistas observam que, após o exagero no final do ano passado, agora há maior cautela, diferenciado bravatas de medidas de real impacto econômico.
É bom lembrar que a promessa de campanha de Donald Trump de elevar os impostos sobre produtos importados tem grande potencial de abalo no câmbio por aumento de preços no mercado americano, o que afasta cortes de juro por lá e atrai investidores. E nem uma declaração de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), de que "não há pressa" em baixar o juro por lá, pesou no dólar. Há poucos meses, teria provocado estragos no real.
No cenário doméstico, ainda houve contribuição da desaceleração da inflação em janeiro para baixa do dólar nesta terça-feira, mesmo que tenha sido provocado por um evento pontual – o chamado bônus de Itaipu, que não se repete nos próximos meses.
*Colaborou João Pedro Cecchini