Depois de alcançar a menor cotação em três meses, o dólar abriu em alta nesta quarta-feira (19), depois da apresentação da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Depois de tocar a máxima (até agora) de R$ 5,732 por volta das 10h, quase no final da manhã modera a alta para 0,3%, a R$ 5,708.
A alta do dólar e a denúncia estão relacionados? Sim, mas não é o único fator de inquietação, até porque outras moedas emergentes também perdem valor ante a americana. Primeiro, um dos motivos da baixa da véspera foi uma intervenção do Banco Central (BC), que não se repete (até agora) nesta quarta-feira. Segundo, há outros motivos para a pressão cambial que vêm do atual presidente, não do anterior.
Os sinais dados por Luiz Inácio Lula da Silva nos últimos dias são considerados preocupantes no mercado financeiro. O presidente já insinuou intervenções no Ibama, na Petrobras, ao sugerir que vendesse direto a grandes consumidores, e criou expectativa de atuar na contramão da esfriada na economia que o Banco Central (BC) tenta fazer levando o juro à estratosfera.
— A queda na popularidade do presidente Lula, embora tenha gerado otimismo inicial no mercado, pode dar espaço a um aumento do populismo, com a adoção de medidas populistas que resultem em um desajuste fiscal mais significativo. Isso pode antecipar o processo eleitoral de 2026 e gerar uma gestão fiscal descuidada. Quanto à denúncia contra o ex-presidente Bolsonaro, não é esperado que tenha impactos econômicos significativos no curto prazo ou influencie diretamente a economia cotidiana — avalia Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.
— A redução do apoio popular dificulta a articulação política do governo, afetando a aprovação de reformas e políticas econômicas. A ausência de Bolsonaro no cenário eleitoral de 2026 pode fragmentar a base conservadora, aumentando a volatilidade eleitoral. Esse contexto gera cautela nos investidores, refletindo-se em oscilações cambiais e prêmios de risco elevados — opina Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.