Depois de disparar na véspera, chegando à máxima nominal histórica, o dólar teve forte queda de 2,32%, para R$ 6,122, nesta quinta-feira (19). Durante a manhã, a moeda chegou a encostar em R$ 6,30.
Uma injeção de US$ 8 bilhões do Banco Central (BC) no mercado, maior intervenção diária à vista da série histórica, iniciada em 1999, quando o país adotou regime de câmbio flutuante, fez a cotação cair.
Em coletiva de imprensa sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, fez questão de afirmar que as atuais intervenções no dólar ocorrem por "disfuncionalidade, saída extraordinária ou fator de mercado".
— Não há desejo do BC de perseguir algum nível de câmbio, é que neste ano tem fluxo atípico muito grande.
Ainda na entrevista, o futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, disse que a alta do dólar não está associada à ataque especulativo, tese não descartada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na véspera. As declarações conjuntas de Campos Neto e Galípolo também foram atribuídas à forte queda da cotação nesta quinta-feira.
Conforme o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, a baixa ainda está associada à conclusão da votação em primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do pacote de corte de gastos que cria novas regras para o abono salarial, apesar da desidratação das medidas iniciais.
— A questão fiscal continua como pano de fundo. Hoje (quinta-feira), estamos em uma dinâmica diferente por conta do volume da intervenção. Mas a pressão ainda não passou — afirma economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa.
*Colaborou João Pedro Cecchini