Em sua máxima desta terça-feira (17), o dólar chegou a bater patamar inédito, de R$ 6,20. No entanto, depois de duas intervenções do Banco Central (BC) e sinalização de que a votação do pacote de corte de gastos deve iniciar em seguida, a cotação desacelerou. Mas não foi suficiente para evitar novo recorde nominal, com alta de 0,02%, para R$ 6,096.
Só nesta terça-feira, o BC vendeu US$ 3,3 bilhões em leilões extraordinários, com recursos das reservas internacionais, na maior intervenção à vista desde o início da pandemia, em 2020. Este é o quarto pregão consecutivo em que o BC injeta dólares no mercado. A dose total dos últimos dias já chega a cerca de US$ 13 bilhões.
Uma sinalização do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, de que a votação do pacote de corte de gastos deve ser iniciada ainda nesta terça-feira fez a cotação cair.
O primeiro projeto que deve ir a plenário é a projeto de lei complementar (PLP) que prevê gatilhos em caso de déficit nas contas públicas. Outros projetos, como o que muda o Benefício de Prestação Continuada (BPC), devem ser votados nesta quarta-feira (18).
Segundo Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, como a alta do dólar está relacionada à "perda de credibilidade" da política fiscal, não entram na conta do mercado neste momento fundamentos macroeconômicos para formação de preço do dólar:
— O Brasil tem boa solvência e boa capacidade de pagamento em moeda estrangeira. Mas o que está contando são muito mais fatores subjetivos, de perda profunda de credibilidade, de confiança. Aí, o céu é o limite.
*Colaborou João Pedro Cecchini