Em tempos de onipresença das "bets", e projeções sobre que tipo de consumo os jogos online estão deslocando, a equipe de macroeconomia do Itaú Unibanco fez uma conta que considera os valores apostados, mais as taxas pagas pelos usuários e desconta os prêmios recebidos por quem vence.
O cálculo aponta que o gasto total com apostas e taxas de serviço em 2023 chegou a R$ 68,2 bilhões, e o valor "devolvido" em forma de prêmios foi de R$ 44,3 bilhões. A diferença é a "perda" de R$ 23,9 bilhões.
O cálculo foi possível porque o Banco Central mudou sua metodologia de registro em janeiro de 2023. O dinheiro gasto com jogo passou a ser contabilizado como "serviços culturais, pessoais e recreativos" no caso das taxas de serviço e como "renda secundária" para o valor apostado.
Antes da mudança, o gasto com serviços culturais, pessoais e recreativos era de R$ 3,3 bilhões anuais. No ano passado, saltou para R$ 47,4 bilhões.
Saiu dessa diferença a estimativa do valor das apostas de R$ 44,1 bilhões, acrescidos de R$ 24,1 bilhões na rubrica "renda secundária", que corresponde às taxas pagas por usuários. Essa soma alcança os R$ 68,2 bilhões gastos no segmento.
O mesmo foi feito para calcular os prêmios, que saiu da diferença de R$ 9,5 bilhões nas entradas, em 2022, para R$ 53,8 bilhões em 2023. A estimativa dos prêmios, então, fica em R$ 44,3 bilhões.
Outro ponto da análise dos economistas Luiz Cherman Pedro Duarte é refutar a tese de que o desempenho aquém do esperado no varejo seria o gasto crescente com apostas online, que reduziria o consumo de bens.
"Nossos modelos não apoiam esta hipótese", diagnostica a dupla, que sustenta que "as vendas no varejo têm apresentado resultados dentro do esperado". A conclusão é baseada em quatro variáveis: renda, crédito, confiança do consumidor e poupança.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo