Um pouco pela exasperação que contagia todos os clientes da CEEE Equatorial, um pouco porque 2024 é ano eleitoral, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, comprou briga com a distribuidora de energia. Em vários pontos, tem razão. A empresa que prometeu "resposta rápida" para cortes de luz consegue entregar resultados no mínimo tão ruins quanto o da estatal quebrada que a antecedeu na gestão.
Mas agora que está confirmado que seu pedido de equipar estações de bombeamento de água com geradores excede qualquer regulação do setor, - o que um gestor público deveria saber - a coluna faz uma sugestão que inclusive seria bem-vista pelos eleitores.
Em vez de brigar por geradores, Melo poderia gastar energia em uma solução mais sustentável, financeira e ecologicamente: equipar as estações de bombeamento com energia solar. E, claro, em uma alternativa viável de armazenamento de eletricidade, que poderia envolver baterias, por exemplo.
Seria um esforço mais consequente por vários motivos. O mais direto seria reduzir o custo de um serviço público - com energia solar, não precisa pagar e consumir tanto combustível fóssil e caro. O mais interessante seria a adoção de uma fonte renovável por parte da administração municipal - no caso, pelo órgão que tem o orçamento mais robusto, o Dmae. Poderia até ajudar Porto Alegre a subir no ranking das cidades mais promissoras no próximo ano.
Haveria ainda um curioso efeito colateral: se for capaz de substituir ao menos parte da energia entregue pela concessionária, aquela conta de R$ 110 milhões por ano que Melo não cansa de citar não só diminuiria como seria um fator de pressão para que o serviço de abastecimento de energia seja melhor prestado para todos os consumidores. Mesmo quem não tem amor ao ambiente, mas tem ao bolso, já percebeu os benefícios da energia solar.
Atualização: a secretária municipal de Parcerias, Ana Pellini, avisou a coluna que a prefeitura já fez estudo para instalar painéis fotovoltaicos nas estações de bombeamento. E esbarrou no problema mais complicado para o avanço da energia solar hoje: espaço. Cada unidade precisaria espalhar placas por dois hectares, afirma. Conforme a secretária, há outras alternativas em estudo e consciência de que os geradores são apenas uma saída emergencial. Ana disse, ainda, que no próximo dia 12, haverá uma licitação para compra de energia renovável no mercado livre, mas essa precisa da estrutura de distribuição da Equatorial para chegar às casas de bombas. A coluna espera que a prefeitura de Porto Alegre encontre em breve uma solução robusta, econômica e sustentável.