O efeito da nova surpresa positiva com o PIB do segundo trimestre segue produzindo impactos nas projeções para o PIB de 2023 : depois de subir de de 2,3% para 2,56% na semana anterior, nesta a projeção mediana (mais frequente) subiu para 2,64%.
As estimativas são de cerca de uma centena de instituições financeiras e consultorias econômicas consultadas pelo Banco Central (BC) para elaboração do boletim Focus, apresentado toda segunda-feira..
Como a coluna já lembrou, depois da surpresa anterior com o PIB do primeiro trimestre, as contas de economistas continuaram a ser refeitas ao menos por semanas seguintes. Na época, a projeção deixou a casa de 1% para a de 2% - ou seja, a previsão foi multiplicada por dois.
Diante da nova surpresa positiva do segundo trimestre, a aposta é de que as estimativas deixem o terreno dos 2% para perto de 3%. Isso pode parecer excessivo para quem ainda está impactado com a queda de 0,6% na produção industrial de agosto, também medida pelo IBGE e divulgada na semana passada.
No entanto, é importante observar que, conforme o próprio IBGE, o Brasil acumula crescimento de 3,7% nos primeiros seis meses, comparados a igual período de 2022. Ou seja, as estimativas mais otimistas embutem significativa desaceleração nos dois próximos trimestres, com forte possibilidade, inclusive, de resultados negativos no terceiro trimestre.
Então, nem o IBGE manipula dados em favor do governo, nem a eleição de Lula foi o condão que transformou um ano que se desenhava como "abacaxi" em carruagem dourada. Analistas atribuem as surpresas positivas com o PIB do Brasil nos dois primeiros trimestres ao superciclo de commodities - forte valorização de mercadorias básicas que o país exporta, como petróleo, minério de ferro e soja -, ao efeito das reformas estruturais já realizadas.
Sem contar a dificuldade que os modelos usados por economistas urbanos para projetar o comportamento da economia têm para estimar o efeito da produção agrícola - base da maior surpresa do ano, que foi o pibão do primeiro trimestre. Ou seja, boa parte da "surpresa" aponta necessidade de melhoria nas ferramentas usadas para as projeções.