A moeda oficial do Brasil em versão virtual já instalou sua primeira semente no universo online. Nesta semana, o banco Itaú fez o primeiro "nó" do real digital que está sendo desenvolvido pelo Banco Central (BC), ou seja, deu o primeiro passo para o dinheiro do futuro imediato.
"Nó", nesse contexto, é uma espécie de servidor na rede blockchain (em tradução literal, corrente de blocos, nesse caso os "nós", a mesma que serve de base para o bitcoin) que deve oferecer essa nova alternativa à população até o final de 2024. Ou seja, logo ali.
Embora use como base o mesmo sistema do bitcoin, o real digital é uma Central Bank Digital Currency (CBDC ou MDBC, moeda digital de banco central). Ou seja, como a coluna observou, como se trata de um projeto do BC brasileiro, envolve transações oficiais, portanto registráveis, ao contrário das criptomoedas.
Ainda é meio complicado de entender, mas basta lembrar que o Pix era considerado difícil até às vésperas de seu lançamento, e hoje seu sucesso já acelera iniciativas semelhantes nos Estados Unidos, no Canadá e em vários países latino-americanos.
Essa primeira fase de testes é baseada nos chamados "contratos inteligentes", ou seja, documentos digitais em que a liquidação ocorre de forma simultânea para as duas - ou mais - pontas envolvidas. Nessa etapa, o real digital ainda não tem lastro na moeda oficial, ou seja, não há conversão direta de dinheiro físico para a versão virtual.
Um exemplo clássico é o de venda de imóveis: a transação pode ter metas definidas em contratos inteligentes, com o processo de transferência do bem feito ao mesmo tempo em que o pagamento é liquidado, dando mais segurança e velocidade. A previsão do Banco Central (BC) é de que, até setembro de 2023, o "real tokenizado" esteja disponível para testes, ainda em ambiente controlado.
A transferência de valor é baseada na chamada tokenização, o processo que transforma um ativo em representação digital. Os tokens digitais são registrados e negociados no blockchain, que permite armazenar dados em blocos distribuídos em uma rede e os usa para validar qualquer alteração realizada nos registros.