A sexta-feira (18) começou com bolsa em alta e dólar em baixa. No câmbio, o humor se manteve, com recuo de 0,5%, para R$ 5,375, mas o Ibovespa oscilou muito para enfim fechar com queda de 0,76%, perto das mínimas do dia.
No radar do mercado, apareceram a ameaça de "reação" do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a eventual política fiscal expansionista, e a crescente possibilidade de que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, indique o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda.
Em evento da Bloomberg, agência de notícias americana focada em economia, Campos Neto afirmou que é preciso haver "convergência" entre a política monetária e a política fiscal. Se isso não ocorrer, disse, o BC vai reagir e voltar a elevar a Selic, a taxa básica de juro:
— Fazer mais, na verdade, pode significar fazer menos, porque você cria problemas no mecanismo de precificação, o que pode gerar ainda mais inflação e, consequentemente, novas altas nos juros.
A especulação sobre Haddad, que existe há vários dias, ganhou força depois que o ex-prefeito acompanhou Lula nas duas reuniões com o chefe de Estado (o presidente, Marcelo Rebelo de Sousa) e o chefe de governo (o primeiro-ministro António Costa) de Portugal.
Como forma de espelhar no governo a composição do grupo técnico da Economia da equipe de transição, para o Planejamento poderia ser indicado um economista de perfil "complementar", como caracterizou o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin. Nesse caso, as alternativas seriam Pérsio Arida ou André Lara Resende. Como a coluna já observou, o arranjo é do gosto de Lula: ter a tese e a antítese para fazer a síntese.
Também teve peso a informação de que o Congresso já tem opções técnicas à PEC da Transição, que podem garantir o cumprimento de promessas de campanha de Lula com menor risco fiscal.