Mesmo sem confirmação explícita, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles tem assumido tal protagonismo como nome de referência da chapa Lula-Alckmin que já motivou um ataque frontal do ministro da Economia, Paulo Guedes.
E Meirelles respondeu no estilo "bateu, levou".
Ao voltar a admitir que desmontou a construção do antecessor — a lei do teto de gastos foi criada em 2016, quando Meirelles comandava o Ministério da Fazenda —, Guedes afirmou em evento na Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) na quarta-feira (27):
— Nós furamos o teto porque é um teto muito mal construído. É tão mal construído que o economista, não é nem economista, o ministro que estão falando que vai ser do Lula, o Meirelles, nem economista é.
Prosseguiu lembrando que até mesmo o pai da ideia passou a defender seu descumprimento. De fato, Meirelles afirmou que, para manter o Auxílio Brasil em R$ 600, admitia flexibilizar o teto em 2023. Seria um "waiver excepcional", ressalvando que não equivaleria a "licença para gastar". Mas não satisfeito em criticar tecnicamente o antecessor, Guedes partiu para o ataque pessoal:
— Ele fez um teto, passou anos falando 'oh, porque estão furando meu teto' (imitando a forma de falar de Meirelles). Ele fala empolado, né?
A resposta do adversário veio em uma entrevista à CNN. Depois de assumir a responsabilidade por formular um plano para a economia depois da eleição, em caso de vitória de Lula, contra-atacou:
— Paulo Guedes não entendeu o teto de gastos. Isso mostra a sua incapacidade de entender coisas básicas.
O "pai do teto" ainda afirmou que as críticas de Guedes eram movidas pela "frustração" de não ter alcançado, em seu período na Economia, os resultados que ele, Meirelles, ajudou a obter nos governos Lula, quando estava na presidência do Banco Central (BC), e no Ministério da Fazenda da gestão Temer.