Desde o megacorte de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), na semana passada, a cotação do barril subiu cerca de 13%, depois do alívio desta segunda-feira (10), quando o tipo brent teve recuo de 2% e foi cotado a US$ 95,81, mesmo com o recrudescimento dos ataques da Rússia à Ucrânia. Em 30 de setembro, a cotação era de US$ 85,14.
A interrupção da escalada manteve os preços no Brasil mais baixos do que no Exterior: a defasagem da gasolina chega a 10% e a do diesel, a 13% até a última sexta-feira (7), conforme a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
Para lembrar, a diferença de preços dentro e fora do país é um problema no Brasil porque não há autonomia no abastecimento de combustíveis, especialmente de diesel. Enquanto importa cerca de 10% da gasolina, o país precisa trazer do Exterior cerca de 30% do diesel.
Além disso, já existe uma grande refinaria privatizada, que não segue a política de preços da Petrobras. Adota a prática de acompanhar as flutuações do barril de petróleo. No sábado (8), a Acelen, do Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi, que controla a refinaria de Mataripe (BA), aumentou o diesel S10 (com baixo teor de enxofre, obrigatório em grandes centros) em 11,3%, o S500 (com 50 vezes mais enxofre) em 11,5%, e a gasolina, em 8,7%.
Na semana passada, a alta do petróleo chegou a provocar forte valorização das ações da Petrobras, em sinal de que o mercado esperava reajustes nos preços nas refinarias no Brasil. Essa expectativa durou até sexta-feira (7), quando os papéis da estatal perderam valor diante a percepção de que dificilmente haverá aumento dos preços internos durante a disputa do segundo turno da eleição presidencial.
Nesta segunda-feira (10), as ações da Petrobras também ficam relativamente estáveis (+0,4%), ante especulações de novas mudanças na diretoria da estatal. O atual secretário do Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, teria sido convidado, mas não se manifestou sobre a hipótese. No atual cargo, Colnago decidiu não incluir a manutenção do pagamento de R$ 600 no Auxílio Brasil para 2023, sustentando que o valor não cabia no teto de gastos.
A política da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação, adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, com preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.