No primeiro semestre deste ano, o PIB acumula alta de 2,5%, acima do crescimento de 2,1% previsto pela maior parte das cerca de cem instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) para a elaboração do Boletim Focus, espécie de baliza para o mercado financeiro. É esperada uma significativa revisão na projeções para o dado que será divulgado pelo BC na segunda-feira (5).
O Produto Interno Bruto (PIB) é considerado o principal indicador econômico de um país por medir o volume de riqueza produzida em determinado período, gerando emprego e renda. No inesgotável universo dos termômetros, há outro menos conhecido, chamado de Índice de Miséria. Apesar do nome, não mede o tamanho da pobreza, mas a "sensação de mal-estar econômico".
Embora o emprego da palavra "sensação" sugira algo difuso e subjetivo, trata-se de um indicador numérico, formato pelos dados de desemprego e inflação, que aparece com frequência na análise de cenário. Seu objetivo é medir o poder de compra, formado exatamente pela combinação do volume de renda combinado a quanto rende nas lojas e supermercados. Com a deflação de julho, que deve se repetir em agosto, tende a baixar, mas no primeiro trimestre deste ano ainda estava perto do recorde histórico, acima de 70 pontos em uma escala de zero a cem.
O sinal negativo do IPCA, por sua vez, não é sequer exatamente uma "deflação" no sentido original, que seria uma queda generalizada de preços - assim como inflação é a alta generalizada. Decorre essencialmente da redução do preço da gasolina, enquanto os alimentos seguem em alta. Esse fenômeno não será refletido na atualização do indicador de sensação de mal-estar, que considera apenas o resultado global da inflação. O indicador tende a declinar, embora o consumidor ainda leve menos produtos pela mesma quantia na hora de pagar o supermercado.
Além disso, o desemprego vem decrescendo: está em 9,1%, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). A redução da chamada "desocupação", situação em que a pessoa não tem qualquer fonte de renda do trabalho, está relacionada ao aumento da ocupação na informalidade, que chegou ao maior número da série histórica, 39,3 milhões, 559 mil acima do trimestre encerrado em abril, conforme o IBGE.