Fundado há 26 anos em Porto Alegre, o escritório de advocacia Andrade Maia viu sua base de clientes triplicar nos últimos dois anos.
Conforme o sócio-fundador Fábio Goldschmidt, o fato de teses da banca terem sido bem-sucedidas no Supremo Tribunal Federal (STF) aumentou a demanda.
— No ano passado, de seis temas de repercussão geral, esses que acabam valendo para todos, ganhamos cinco. Como a carga tributária no Brasil é muito elevada, isso impacta muito a vida dos empresários, ainda mais agora que o STF não anda tão 'facinho' com o contribuinte — afirma Goldschmidt.
O número de clientes ativos subiu para 380, atendidos por 400 funcionários nas quatro unidades: Porto Alegre, São Paulo, Brasília e Salvador. E são clientes do porte de Arezzo, Americanas, Dell, Pão de Açúcar, Magalu. Algumas são contas nacionais, outras estaduais, por conta da diversidade de legislações de ICMS, detalha.
— Nossa área tributária é uma das maiores do país. Nossos escritórios administram 13 mil processos, que colocam em discussão um valor total de R$ 25 bilhões — afirma Goldschmidt, que coordena a os contenciosos relacionados a impostos.
Apesar de ser um operador da disfuncionalidade do sistema tributário brasileiro, o advogado diz ser "pouco crente" de que seja possível fazer uma grande reforma, mesmo no primeiro ano do próximo mandato presidencial. Segundo Goldschmidt, projetar mudanças drásticas é "ingênuo", porque mexem em cobertor curto de arrecadação:
— O que é factível é a simplificação. E quando se simplifica, torna mais transparente. Hoje o consumidor não faz a menor ideia do que está pagando quando compra um sapato, por exemplo. Mas ter 27 legislações de ICMS é um caos para a circulação de carga no Brasil. Se forem unificadas a legislação e a interpretação, porque ainda há o entendimento de 27 tribunais, temos a metade do caminho resolvido.
Nos últimos anos, o Andrade Maia tem buscado diversidade e inclusão em uma atividade que, admite, é predominantemente "conservadora e machista". Atualmente, diz, 73% das pessoas da sociedade são mulheres, cisgêneros ou trans. E 50% da gestão administrativa é feminina. Nos últimos três anos, dobrou número de pessoas negras no quadro, chegando a 15%. E 14% são LGBT+, a partir de autodeclaração.