A alta de um ponto percentual na taxa Selic, de 11,75% para 12,75%, era considerada certa, e só foi confirmada há pouco pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A grande dúvida era se o Banco Central (BC) confirmaria, também, a suspeita de que o ciclo de alta de juro no Brasil não terminaria na reunião desta quarta-feira (4), como chegou a ser sinalizado.
No comunicado, o BC afirma que "para a próxima reunião, o Comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude". Ou seja, o avalia que a inflação indomável exige dose extra de alta no juro (leia o comunicado clicando aqui).
Há menos de um mês, logo depois de ter afirmado que o aumento de maio encerraria o atual ciclo de alta, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a inflação de março havia sido uma "surpresa". Preparava o terreno para o comunicado desta quarta-feira (4). E o comunicado reitera a observação de Campos Neto:
"A inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente. Essa surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos itens associados à inflação subjacente; As diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação".
E o BC ainda deu um spoiler inesperado: avisou que está adotando "a hipótese de bandeira tarifária 'amarela' em dezembro de 2022 e dezembro de 2023". Ou seja, o Copom está avisando que, passada a eleição, a conta de luz voltará a subir - ainda mais.
O fato de que a maior alta de juro dos últimos 22 anos nos Estados Unidos ter sido exatamente o que se esperava ajudou, mas não tirou a pressão que taxas maiores em dólares sempre provocam em países emergentes. Mesmo com a alta histórica, a taxa de referência nos EUA ficou em 0,75%. A nova Selic, de 12,75%, é 17 vezes superior.