O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Focada na pesquisa e no desenvolvimento de produtos para o controle de pragas em animais, a Decoy, startup com sede em Ribeirão Preto (SP), desenvolveu uma ferramenta específica para o mercado gaúcho.
A empresa busca atender os criadores de gado de raças estrangeiras, como Angus e Hereford. Já que esses animais acabam sendo mais suscetíveis às infestações de carrapatos locais.
Segundo dados da Fundação de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Sul (Fepagro), estima-se que este tipo de infestação pode provocar uma perda anual de 1,7 milhão de toneladas de carne bovina para todo o mercado nacional, o equivalente a US$ 2,78 bilhões.
Para atenuar o problema, a empresa criou o Decoy RS, que tem um sistema de manejo por banho de imersão.
— A presença dessas pragas são tão danosas à região que vem transformando a tradição genética da pecuária gaúcha. Por conta desse cenário, elegemos o Rio Grande do Sul como prioridade na nossa atuação no Brasil —explica Lucas Von Zuben, CEO da empresa.
André Gomes, médico veterinário de Alegrete, que atua no mercado de produção bovina há cerca de 40 anos por influência da família, já utiliza em sua propriedade alguns produtos da startup:
— Começamos a enfrentar um grande problema de resistência aos combatentes químicos. Hoje, aqui em nossa região, percebemos que os carrapatos que atacam os bovinos estão resistentes a todos os pesticidas químicos que existem hoje no mercado. Porém, desde que começamos a utilizar as soluções biológicas para bovinos da Decoy estamos com uma taxa de infestação bem inferior ao que era no passado.
Na avaliação de Zuben, o controle biológico é uma "nova fronteira tecnológica" e vai substituir as soluções químicas.
— Temos dois fatores principais na base dessa transformação: por um lado o esgotamento das soluções químicas convencionais na eficiência do controle de pragas, como ocorre no Rio Grande do Sul. E, por outro lado, a crescente demanda do mercado consumidor de alimentos que estimula a produção de alimentos mais saudáveis, tendo a expansão do mercado de produtos orgânicos como prova dessa demanda — conclui.
* Colaborou Camila Silva