Chegou ao Brasil na madrugada desta quinta-feira (13) o primeiro lote de vacinas destinado a crianças de cinco a 11 anos. Veio com atraso programado, já que a Anvisa autorizou a imunização desse público há quase um mês.
Só durante essa espera, o presidente Jair Bolsonaro já sugeriu que a variante Ômicron seria "bem-vinda" ao país, chamou os defensores dessa imunização de "tarados por vacina", disse que "um novo lockdown" (não houve nenhum no Brasil) produziria "caos" e voltou a afirmar que máscara é "proibida".
Por muitíssimo menos, o primeiro-ministro Boris Johnson, enfrenta forte pressões para que renuncie ao cargo no Reino Unido. O motivo foi a presença de 25 minutos em uma festinha no pátio de sua residência oficial, a famosa 10, Downing Street, como relata o colega Rodrigo Lopes.
A expansão acelerada de casos de contágio pela variante Ômicron no Brasil mostra o impacto da pandemia descontrolada, não de restrições para que seja freada: negócios têm de fechar portas ou reduzir o atendimento por terem muitos empregados isolados e serviços públicos — inclusive os da área de saúde — temem período crítico por excesso de funcionários afastados.
Embora alguns Estados comecem a retomar medidas restritivas, ninguém, com exceção de Bolsonaro, fala em lockdown nessa nova onda de covid-19. O presidente levanta o assunto com único propósito que o move: a eleição. Para se viabilizar, precisa apresentar um inimigo que só ele seria capaz de combater, mesmo que seja imaginário.
O que ajuda o Brasil, neste novo momento difícil, é seu povo. A despeito de todo o desestímulo gerado pelo presidente da República, a busca pela vacinação foi maior do que em muitos dos países que começaram antes a oferecer doses. O mau exemplo do que deveria ser o líder dos cuidados para evitar impacto na saúde e na economia, no entanto, contribuiu para o descuido que ajudou a espalhar a Ômicron neste início de ano.
Os epidemiologistas alertam, porém, que a média de 67,9% de brasileiros com vacinação completa, até a quarta-feira (12) inclui percentuais muito maiores em grandes centros e capitais, como Porto Alegre, e assustadoramente pequenos em cidades mais distantes, especialmente no Norte e no Nordeste. Conforme estudo da Fiocruz, só em 16% das cidades ultrapassou os 80%.
E onde há baixo índice de imunização, sempre há risco de surgimento de nova variante, como ocorreu com a Ômicron. Então, vamos cuidar da saúde e da economia: buscar todas as doses de vacina, evitar aglomerações, higienizar as mãos e usar máscaras com o orgulho de quem socorre o Brasil.