O Hospital Moinhos de Vento (HMV), de Porto Alegre, recebeu a certificação internacional I-REC, que identifica operações 100% abastecidas com energia renovável, pela primeira vez concedida a uma instituição de saúde na Região Sul.
Conforme Mohamed Parrini, superintendente executivo do HMV, a forma como a meta foi planejada permitiu, além do cumprimento do objetivo ambiental, outro de sustentabilidade econômica: houve economia de R$ 21 milhões com a iniciativa.
É um sinal de que cuidados ambientais nem sempre requerem longo prazo para dar, também, resultados econômicos. A medida adotada no âmbito do programa brasileiro GHG Protocol fez com que o hospital também ficasse mais sintonizado com o próprio nome: agora, toda energia usada tem origem em geração eólica, produzida em "moinhos de vento".
Segundo Parrini, o Moinhos entrou no Mercado Livre de energia há seis anos. Nesse ambiente, empresas que geram, vendem e consomem eletricidade podem negociar livremente o fornecimento, e a instituição escolheu comprar apenas energia eólica do complexo Campo Largo, na Bahia, da Engie, que ajudou a planejar o processo.
— Fomos o primeiro hospital a entrar no mercado livre, quando definimos reduzir o impacto ambiental e adotamos uma série de medidas, como renovar o bosque interno, reciclar resíduos. Fizemos antes de todos, o que permitiu resultado duplo, com economia de R$ 21 milhões nesse período — relata o executivo.
Os recursos poupados na compra de energia foram reinvestidos na infraestrutura da instituição, com benefícios no atendimento aos pacientes. Outras iniciativas incluem a conversão de resíduos plásticos em cápsulas para gerar gás, uma composteira com folhas das árvores para adubar uma horta própria.
— As gerações futuras vão cobrar isso da gente. É preciso fazer agora, não vai dar tempo de mudar no último minuto. É uma questão ética, mas quem não quiser fazer por esse motivo será obrigado pelo consumidor e pela população em alguns anos. É preciso plantar as sementes da mudança. O preço e a qualidade do produto ou serviço não serão os únicos vetores de escolha de uma empresa. Decisões como esta do Moinhos de Vento contribuem para gerar mais demanda para energia eólica, o que vai mudando pouco a pouco a matriz energética do Brasil.
Parrini destaca que, pelo momento em que foi feito, o Moinho colheu "benefício duplo" com a medida, preço mais em conta e redução de emissões de sua responsabilidade. Agora, acrescenta, o que nasceu com um amplo projeto com perspectiva ambiental vai se estender com o Instituto Moinhos Social, que vai adotar o Loteamento Santa Terezinha — conhecido como Vila dos Papeleiros, para atuar na transformação social de crianças e adolescentes com parceria da Rede Marista.
— Não são recursos de de obrigações filantrópicas, mas recursos próprios e de doações. Estamos entrando na economia circular, fazendo escolhas que direcionem o comportamento da sociedade.
A coluna quis saber de Parrini como está a situação da variante ômicron no Moinhos. O superintendente diz que, neste momento, há muita atenção, mas também certo otimismo. Pondera, porém, que não é possível fazer projeções seguras. Acrescentou, ainda, que "chamou atenção" o aumento de casos de influenza, com a mutação H3N2.
— Recebemos pessoas na emergência que testaram negativo para covid, mas positivo para influenza. É bom lembrar que, para evitar as duas situações, máscara e álcool gel seguem essenciais.
O que é o GHG Protocol
É uma ferramenta utilizada para medir e reduzir emissões de gases de efeito estufa, com origem no World Resources Institute (WRI), dos Estados Unidos, e método mais usado no mundo por empresas e governos para fazer os chamados inventários desse tipo de emissão, baseado em métodos de quantificação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU).