Quando a CEEE-D foi vendida à Equatorial Energia, gaúchos que não conhecem bem o setor elétrico passam a disseminar a tese de que a compradora era responsável pelos apagões do Amapá. Na época, a Equatorial não operava nesse Estado, mas agora chegou lá.
Nesta sexta-feira (25), arrematou a distribuidora de energia que atua no Amapá. Foi lance único e vai pagar R$ 49.932,24 pela outorga — menos do que os R$ 100 mil desembolsados pela CEEE-D —, mas não foi esse o lance decisivo.
Assim como a CEEE-D, a CEA tem dívidas pesadas, estimada em R$ 2 bilhões. O valor do rombo é menor do que os cerca de R$ 4,1 bilhões da gaúcha, mas situação é ainda pior: a distribuidora do Amapá não tem concessão, por não ter conseguido comprovar indicadores mínimos de resultados e qualidade do serviço. Atua como "designada".
Por isso, o lance no leilão não foi um valor, mas um índice combinado de deságio na flexibilização tarifária (espécie de subsídio que as distribuidoras designadas vêm recebendo para não interromper o serviço) e no bônus de outorga a ser pago. A Equatorial não pediu para baixar os dois indicadores.
Outra diferença é que, diferentemente da CEEE-D, o edital elaborado pelo BNDES exige investimento de ao menos R$ 400 milhões, dos quais R$ 250 milhões para pagar credores e R$ 150 milhões para reforçar o capital da empresa e melhorar o serviço.
Conforme a coluna já registrou, a reputação da Equatorial no mercado é comprar empresas com dificuldades e recuperá-las, como já ocorreu no Pará, que está no segundo lugar no ranking de qualidade da Aneel, e no Maranhão, em oitavo lugar. Duas outras aquisições mais recentes, as distribuidoras de Alagoas e do Piauí, ainda não são avaliadas por estar "situação particular". Para lembrar, a CEEE-D é 29ª de 29 companhias nesse ranking (veja detalhes abaixo).