No dia seguinte à abertura de processo administrativo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por suposta omissão de informações em fatos relevantes sobre a privatização da CEEE-D, a empresa também enfrenta o início de uma greve.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, o presidente da empresa, Marco Soligo, já havia dito que a investigação da CVM não afeta a privatização da empresa, porque o processo foi encaminhado de forma "íntegra e ética". À coluna, detalhou que a empresa vai responder eventual pedido de informações com tranquilidade:
– Normalmente, há demandas judiciais nos processos de privatização, antes da data do leilão. A companhia nem sempre é informada a tempo, não sabemos tudo. Quando tomamos conhecimento, se entendemos que é relevante, informamos. Mas nos dias antes do leilão, há uma série de ações, ninguém tem condições de saber tudo. Os dirigentes da companhia não são meninos de recado.
Sobre a greve, Soligo lembrou que, como se trata de um serviço essencial, os sindicatos precisam garantir 100% de presença de funcionários na operação de sistemas e de 95% em outras áreas críticas. Até o início da tarde, relatou o presidente, a adesão à paralisação era baixa e não havia ocorrido qualquer incidente. A greve decorre do fato de que a empresa e a categoria ainda não se acertaram na negociação do acordo coletivo anual.
– Nós nos preparamos, temos 33 equipes terceirizadas para atender Porto Alegre e outras para as demais regiões do Estado. Nesse período, vamos manter duas reuniões diárias, às 10h e às 16h. À noite, vamos saber quem se logou (identificou-se para trabalhar), porque boa parte dos funcionários está em teletrabalho.
A coluna aproveitou para esclarecer com Soligo a complexa modelagem da próxima privatização, a da empresa que atua em todo o Estado, em transmissão. Como a Eletrobras tem 32,65% da CEEE-T, só será oferecida no leilão a parcela que pertence ao Estado do Rio Grande do Sul, de 66,06%. É essa explicação para o fato de que, embora a empresa tenha sido avaliada em R$ 2,5 bilhões para 100% do capital, terá preço mínimo de R$ 1,7 bilhão, referente à fatia de dois terços que pertence ao governo gaúcho.
O valor de partida no leilão, que deve ocorrer em junho, inclui apenas os 49% da CEEE-T em duas coligadas nas quais a Eletrobras tem 51%. A estatal federal tem prazo até 11 de maio para informar se quer ou não comprar a parte da CEEE-D nessas duas subsidiárias.