
A coluna recebeu informações inquietantes de que o Porto de Porto Alegre teria fechado em decorrência da estiagem. Foi buscar esclarecimentos e encontrou: a estrutura de fato enfrenta problemas com a redução de calado, provocada também pela falta de chuva, mas segue operando com 85% do movimento normalizado, conforme Fernando Estima, superintendente do Porto de Rio Grande, ao qual o terminal público da Capital é ligado.
Estima detalha que a combinação da estiagem com eventos climáticos e falta de dragagem provocou a necessidade de restringir a passagem de navios com mais de 4,7 metros de calado, desde terça-feira (7). Para essas embarcações, há necessidade de apresentar plano de navegação. Conforme o executivo, essa limitação afeta apenas cerca de 15% do movimento no porto da Capital. O maior problema, detalha, é no Canal da Feitoria, onde dois navios encalharam na semana passada.
O executivo admite que as condições climáticas – estiagem e ventos fora do padrão – agravaram a falta de dragagem, que não ocorre na hidrovia de São José do Norte até portos fluviais como Estrela e Cachoeira do Sul há quase uma década. Mas assegura que, desde que assumiu o cargo, vem buscando solução. Afirma que grandes empresas que têm terminais privados não contribuem para o fundo de manutenção da hidrovia há anos:
– Eles não pagavam porque o Estado não fazia obras, mas acabaram desmontando o fundo. Agora, estamos retomando as conversas, que para minha surpresa foram muito positivas, e vamos resolver esse problema em até três meses.
Segundo Estima, o custo de manutenção anual do que chama de "trecho dois", de São José do Norte a Porto Alegre, é de R$ 24 milhões. Como a movimentação anual de carga é de 8 milhões de toneladas, seria necessário cobrar uma tarifa de R$ 3 por tonelada. Como admite que é um valor alto, o Estado vai dividir a conta com os usuários da hidrovia.
O executivo detalha que, na sexta-feira (10), será feita uma batimetria (medição do calado) do Canal da Feitoria para encaminhar uma dragagem emergencial. Na tarde desta quarta-feira (8), a praticagem (que acompanha a passagem dos navios) constatou que um navio com 5,2 metros de calado passou sem problemas.