O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
As exportações gaúchas para a Argentina despencaram em 2019 ao menor nível em 15 anos. Entre janeiro e dezembro, os embarques tiveram tombo de 36,3%, para US$ 933,3 milhões. Trata-se do valor mais enxuto desde 2004. À época, as vendas do Rio Grande do Sul para o país vizinho somaram US$ 877,3 milhões. A coluna consultou os dados no banco de estatísticas do Ministério da Economia.
A Argentina é conhecida como tradicional destino de produtos da indústria brasileira. No momento, economistas e empresários não enxergam sinais de grande alívio para as exportações. Pelo contrário, na largada deste ano, a preocupação voltou a subir com o eventual retorno do protecionismo ao mercado vizinho. O temor ganhou corpo com o anúncio de medidas do governo Alberto Fernández que tendem a elevar a burocracia na hora de fechar negócios com importadores locais.
As ações incluem a redução no prazo de licenças para exportar aos vizinhos, o que afeta setores como o calçadista, no qual o Rio Grande do Sul é a principal referência brasileira. O anúncio do governo peronista também engloba a necessidade de autorizações prévias para quem deseja vender ao país – uma espécie de permissão que determinados setores têm de solicitar para negociar com os hermanos.
Em crise, a Argentina sofre com a escassez de reservas internacionais, calculadas em dólares, que dão segurança contra choques externos. Enquanto isso, a população sente no bolso as dificuldades da economia. Uma delas é a disparada da inflação, que fechou 2019 na marca assustadora de 53,8%.