
Ao anunciar a revisão dos dados de exportação, o Ministério da Economia gerou dúvidas sobre o resultado do PIB do terceiro trimestre apresentado pelo IBGE na terça-feira (03). O crescimento em relação ao período anterior foi de 0,6%. Como a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) já admitiu, houve erro na apuração dos números das vendas ao Exterior. Originalmente, havia divulgado embarques de US$ 18,921 bilhões em setembro e US$ 18,231 bilhões em outubro. Após a correção, os valores subiram para US$ 20,289 bilhões e US$ 19,576 bilhões, respectivamente.
Diante do equívoco bilionário, o IBGE reiterou à coluna, em nota, que vai antecipar para 4 de março de 2020 a revisão dos dados do terceiro trimestre de 2019, quando forem informados os dados do quarto trimestre deste ano. No cálculo divulgado na última terça-feira, constavam os valores menores, portanto. Isso significa que a revisão do IBGE sobre o PIB do terceiro trimestre provavelmente será para um resultado maior do que o informado.
– O que foi registrado foi uma exportação menor. Então, quando houver revisão, será para cima. Por hipótese, será 0,8% em vez de 0,6% – traduz o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), explicando que o efeito talvez não seja tão grande, é apenas um exemplo.
Castro explica que, neste ano, o tradicional Siscomex, que registrava exportações, foi substituído por um novo programa, chamado Documento Único de Exportação (DUE). O erro foi tão incomum que gerou especulações, mas quase todas as fontes descartam manipulação de dados, como o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) – até porque teria sido um tiro no pé.
A confusão chegou a gerar a interpretação que teria sido produzido um PIB "anabolizado", ou manipulado. Na verdade, o efeito foi inverso: o equívoco bilionário pode ter encolhido o PIB. Sobre a origem do problema, ainda há dúvidas. Segundo o Ministério da Economia, o erro na balança comercial foi causado na transmissão dos dados à Secex.
A coluna conversou com uma fonte que acompanha de perto os dados de exportação. Inicialmente, relata, pensou até em fraude, pelo tamanho da variação. No entanto, como havia erros disseminados por todos as matérias-primas básicas, do petróleo à soja, passou a creditar os equívocos a falha humana, neste caso nos programas de computador que integram o novo sistema. Mesmo assim, estranha que tenha se mantido por três meses seguidos, já que ocorreu em setembro, outubro e novembro. Faltam explicações convincentes para o imbróglio, mas não foi para anabolizar o PIB.
*Colaborou Camila Silva