O debate aberto sobre uma eventual privatização do Banrisul passa por decisão política, que o governador Eduardo Leite transfere para a Assembleia Legislativa, mas também por uma preparação corporativa. Para Fernando Marchet, diretor da Bateleur, uma consultoria econômica de negócios especializada em sistema financeiro, a decisão sobre privatizar ou não o banco deve ser posterior a um trabalho interno que permite aumentar seu valor potencial.
– Essa discussão deve ser feita depois de o banco estar bem posicionado, para não perder potencial de um negócio que tem valor. O banco deve reforçar a atuação onde pode liderar e ter relevância – pondera.
Um dos eixos dessa estratégia, avalia, já está em curso: o reforço da atuação do banco no campo. A nova posição, anunciada em julho, prevê triplicar a participação do Banrisul no crédito rural. Conforme o presidente do banco, Cláudio Coutinho, essa foi uma das missões recebidas do governador.
Outra mudança já percebida pelo mercado, pondera, foi a continuidade de duas gestões, independentemente da troca de governo. O projeto do agronegócio vem sendo desenvolvido há dois anos, portanto começou na diretoria anterior. O ex-presidente do banco, Luiz Gonzaga Veras Mota, também segue atuando na área de cartões da instituição.
– O foco agora deve ser tirar o máximo possível de resultado. Se o governo avaliar que faz sentido vender o banco para investir em outra coisa, a venda deve ser feita no melhor momento possível de mercado e da companhia. Se não atuar com efetividade, não vai ser pago o valor adequado.