Após o IBGE centrar, na semana passada, a divulgação dos dados de renda em 2017 na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua para o Brasil e as regiões, é possível aumentar o zoom e analisar o desempenho do Rio Grande do Sul. O supervisor de informações do instituto no Estado, Ademir Koucher, que fez o levantamento a pedido da coluna, pinçou números curiosos e que indicam desafios à frente. Um deles mostra o aumento do peso das aposentadorias.
Ano passado, 21% da população gaúcha com algum tipo de renda teve ganhos originários de aposentadorias e pensões. É o maior percentual do país. Em 2016, eram 20,1%.
Uma das razões para isso, diz o coordenador da Pnad no Estado, Walter Rodrigues, é o envelhecimento da população gaúcha. E é o que reforça a importância de, nos próximos anos, o Rio Grande do Sul avançar na produtividade da mão de obra.
Além da demografia, outro motivo é a própria crise da economia brasileira. Ano passado, 45,9% dos residentes no Estado, com renda, receberam pelo trabalho. Em 2016, a participação dessa categoria era de 46,4%. Reflexo da atividade ainda claudicante, com implicações no mercado de trabalho fraco.
Outro dado curioso: em 2017, o rendimento médio mensal da população com algum tipo de renda foi de R$ 2,44 mil, avanço de 1,7% sobre 2016. Mas o rendimento domiciliar per capita apresentou leve recuo de 1,1%, para R$ 1,271 mil.
— Isso aconteceu porque o aumento da população residente foi maior do que o do número de pessoas com rendimento — explica Rodrigues.
Mesmo que o número de habitantes tenha crescido no Estado (11,310 milhões), os dados da Pnad indicam que o Paraná (11,311 milhões) ultrapassou o Rio Grande do Sul em população. Mas, como os dados são por amostra, é algo que ainda requer confirmação de um censo, observa Rodrigues.