A reação da bolsa de valores durante o pronunciamento presidencial gerou a brincadeira: teria o mercado financeiro aderido ao #ForaTemer? O indicador da média das ações oscilava entre os territórios positivo e negativo até o início da fala. Na sequência, deslizou quase 1%, para fechar com perda de 0,82%. O dólar fechou em alta de 0,52%, para R$ 3,32, mas nesse caso havia tendência global de valorização da moeda.
– Não é rejeição, a impressão é de que Temer pode se tornar irrelevante. Com ou sem ele, a reforma da Previdência, evento do ano, não deve se confirmar – avalia André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
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Para o analista, o sinal mais claro não foi dado por bolsa ou dólar, mas pelo juro futuro de longo prazo, que subiu. Surgiram, novamente, especulações sobre a renúncia de Temer, que o presidente tratou de desmentir com um discurso menos focado na própria defesa e mais direcionado ao ataque ao Ministério Público.
A alta reflete a percepção de que não virá a reforma para conciliar teto dos gastos à estrutura de despesas da União. Com finanças mais desequilibradas, seria preciso oferecer remuneração maior para rolar dívida, preveem investidores. Esse temor eleva a atenção para a possibilidade de novo rebaixamento da nota de risco do Brasil pelas agências de classificação de crédito, sinalizada por mudança de perspectiva de neutra para negativa.
O cenário de que o país se arraste sem definições na política e na economia começa a se consolidar, com investidores avaliando o custo dessa situação para as finanças públicas. Essa foi a previsão feita nesta terça-feira (27), em Porto Alegre, pelo ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco:
– A denúncia virá em fatias, o que torna o drama mais difícil, provoca turbulência maior. O mercado acreditava em solução rápida, com imediata volta às reformas, que são o que importa.
Nesse raciocínio, quem usa a faixa talvez não importe mais.
