Veio do mercado financeiro o indicador definitivo de quão frágil foi a "vitória" do presidente Michel Temer no julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como o resultado de sexta-feira passada (9) saiu depois do fechamento, seria o primeiro dia de reação ao que o governo federal – sem contar alguns ministros – vende como uma decisão pró-estabilidade. Não foi essa a leitura dos investidores.
Desde cedo, o dólar entrou em ritmo de alta e a bolsa testou vários níveis de patamares negativos. Ambos acabaram fechando de mau humor, entre a inquietação com a apresentação da denúncia contra Michel Temer, que já teria data marcada – dentro de sete dias – e a especulação sobre como novas delações podem respingar em empresas com ações negociadas na bolsa. O Ibovespa fechou em baixa de 0,82%, depois de estar perdendo 1,5%. Como das 59 empresas que compõem o índice, apenas nove apresentaram alta levou analistas a situar o quadro como aversão ao risco.
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A turbulência ocorreu no mesmo dia em que o Relatório de Mercado Focus do Banco Central cortou quase um décimo das projeções para a variação do PIB no ano, de 0,5% para 0,41%. Isso significa que, na média das projeções das instituições financeiras consultadas, vão circular na economia neste ano cerca de R$ 6,4 bilhões a menos.
Parte da revisão das estimativas se deve ao agravamento da crise política, que deve atrasar – na melhor das hipóteses – ou impedir – na pior, segundo a visão de mercado – a conclusão das reformas. Nessa avaliação, com o Planalto focado na "operação sobrevivência" de Temer, não sobrará energia ou capacidade de negociação para votações polêmicas na Congresso.Nesse quadro, a maior ameaça se relaciona ao câmbio. Embora ainda relativamente afastado da faixa de pressão para a inflação, estimada entre R$ 3,40 e R$ 3,50, o dólar mudou de patamar com a busca de proteção em um ativo imune ao risco-Temer.