Trafegar pelo trecho Guaíba-Pelotas da BR-116 não oferece apenas riscos e atrasos. A rodovia, com obras de duplicação assumidas pelo governo federal, ainda oferece um desafio extra: o custo do pedágio. Se um carro de passeio paga mais de R$ 50 para ir e voltar de Porto Alegre a Pelotas, um caminhão chega a gastar R$ 200 por viagem.
Sem dinheiro público suficiente para terminar as obras, a pergunta salta: se existe um concessionário privado, não deveria ter um papel nessa equação? No ano passado, a Ecosul, que explora o pedágio entre Camaquã e Rio Grande – incluindo um trecho da BR-392 –, teve receita líquida de R$ 290 milhões.
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José Palermo, diretor-superintendente da Ecosul, lembra que a duplicação não está prevista no contrato da concessionária e afirma que a empresa tenta fazer o possível para suavizar as duras condições de tráfego. Nesta terça-feira, representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) estiveram na companhia para discutir, especialmente, os problemas no entorno de Pelotas.
A situação mais crítica, inclusive da pista, admite Palermo, está entre o trevo da Fenadoce e o cruzamento do canal São Gonçalo. No início do ano, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, chegou a considerar a hipótese de que a concessionária assumisse a responsabilidade pela conclusão das obras ao menos no trecho de 115 quilômetros sob sua responsabilidade.
Palermo só comenta que, até agora, nem a Casa Civil, nem o Ministério dos Transportes, nem a Agência Nacional de Transportes Terrestre (ANTT) se manifestaram sobre o tema.
Palermo afirma, ainda, que a Ecosul vai investir R$ 80 milhões neste ano e que, até setembro ou outubro, ao menos a qualidade da pavimentação vai melhorar. Ainda que a rodovia continue com pista simples, viadutos-fantasma e longos trechos quase prontos, que exasperam usuários tanto quanto o custo do pedágio em uma estrada em más condições.