Mal havia sido divulgada a nova queda anual do PIB gaúcho, empresários reunidos pela Câmara de Comércio Brasil-Alemanha ouviram nesta terça-feira uma provocação: protagonizar uma mudança de comportamento, para propor e cobrar mais do que se limitar a "críticas pelo WhatsApp". O autor da convocação, Paulo Bertinetti, diretor-presidente da Tecon Rio Grande, terminal de contêineres do porto gaúcho, foi além: sugeriu "greve fiscal", arrancando aplausos.
Intrigada, a coluna foi falar com Bertinetti para saber, afinal, como funcionaria essa "greve fiscal".
– Foi mais provocação do que proposta, uma forma de chocar. Não dá mais para ficar só reclamando – esclareceu o executivo, ponderando que, sem impostos, "morremos todos".
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Mas Bertinetti insistiu em uma sugestão muito repetida individualmente, sem ganhar peso de mobilização: é preciso parar de reclamar e pôr mãos à obra para fazer o Estado "voltar a ser o que era". Tanto a projeção de supersafra agrícola quanto a aposta da empresa alemã Fraport no aeroporto de Porto Alegre mexeram os ânimos gaúchos.
No meio empresarial, costuma-se dizer que a crise é mais profunda nas finanças públicas do que na economia privada, mas o fato é que tanto pela via da circulação de renda quanto pela da autoestima, o vazio dos cofres do Piratini ecoa na atividade de todos os gaúchos.
A queda ligeiramente menor do PIB gaúcho em 2016 (3,1%) em relação à média nacional (tombo de 3,6%) pode ajudar a recuperar algum terreno, mas estar "menos pior" não é consolo para ninguém, considerado o momento caracterizado por Daniel Siebrecht, presidente da Ciber Equipamentos Rodoviários, como "um buraco tão escuro e profundo como nunca havia visto".
Siebrecht aderiu com entusiasmo à ideia de Bertinetti. Nascido na Alemanha, o executivo usou o fato de estar no Brasil há 15 anos para avaliar que empresários têm "paciência demais" com as distorções do país.
Convocados a avaliar no que o Estado deve focar para não perder a oportunidade aberta com a chegada da Fraport, Bertinetti e Siebrecht falaram em "agilidade" e "desenvolvimento homogêneo". Um operador de padrão global olhou para o RS. Falta decidir o que vamos mostrar.