Se a luz amarela havia sido acesa pela queda de 3,8% na produção industrial de agosto, e a tonalidade mudado para laranja com os recuos no comércio (0,6%) e nos serviços (1,6%), o indicador de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) de agosto, divulgado nesta quinta-feira, tem de acionar todos os alarmes cromáticos e sonoros. Não foi um simples número negativo, foi o maior tombo mensal (0,91%) desde maio de 2015 (-1,02%), época do auge da recessão, quando ainda não se tocava o fundo do poço nem se via luz no fim do túnel.
No mesmo dia, o monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou retração de 0,35% no período de junho-agosto em relação a março-maio. Claudio Considera, pesquisador responsável pelos dados, pondera que, apesar de negativa, a variação ainda é "menos pior" do que as anteriores.
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Na avaliação do economista, não é um sinal de que a situação tenha piorado. Só segue, como a coluna vem caracterizando há algum tempo, o lento ritmo da "despiora":
– Não é inflexão, sequer é susto. A recuperação da economia não começa com resultado bom, mas com dados menos ruins. Só vai se consolidar se fizermos reformas.
Apesar da tranquilização de Considera, é conveniente manter o alerta ligado. A recuperação da economia não está dada, nem garantida de antemão. Depende de medidas e decisões – e ambiente para adotá-las.
Para que o corte no juro básico se consolide como estímulo para a atividade, o governo precisa garantir a contribuição do ajuste fiscal. Considera afirma que os dados de importação de produtos intermediários em setembro ainda permitem sonhar com um último trimestre positivo.