Em entrevista à coluna publicada no dia 15 de abril, a CPFL anunciava a mudança de comando da empresa, com a substituição de Wilson Ferreira Jr. por André Dorf, e avisava que estava disposta a comprar concorrentes para consolidar o setor. Antes ainda da posse de Dorf, prevista para o dia 1º de julho, a CPFL anunciou seu primeiro negócio, a compra da concorrente AES Sul, no Rio Grande do Sul.
Não por acaso, no Estado onde Ferreira Jr. iniciou sua trajetória no setor elétrico. Na época, ao adiantar o objetivo de compra de empresas, Dorf evitou detalhar a estratégia afirmando que ''processo de aquisição, a gente sabe como começa e não sabe como termina''.
O negócio, de quase R$ 1,7 bilhão, muda o perfil do Estado e assinala uma nova fase na organização das empresas do setor de energia no Brasil. Depois de quase duas décadas dividido em três áreas – Norte e Nordeste com RGE, Centro-Oeste com AES Sul, Litoral e Sul com CEEE, o Rio Grande do Sul volta a ter apenas uma empresa privada na distribuição de energia, a CPFL que é dona da RGE.
O início do processo de consolidação da CPFL assinala também uma nova fase para o setor elétrico brasileiro, fragilizado pelas mudanças regulatórias dos últimos anos, que deixaram muitas das empresas descapitalizadas. Se o apetite da companhia controlada pela Camargo Corrêa não arrefecer, é possível que o país assista a uma nova fase de privatizações. É bom lembrar que muitas empresas em dificuldades foram adquiridas pela Eletrobras, estatal que agora enfrenta o desafio da sobrevivência, vergada pelo próprio peso e por investimentos equivocados.