Poucas coisas me incomodam e não atrapalharei o querido observador desse vídeo com minhas agruras menores. Porque essas são palavras que enxergarão o outro lado da reclamação. E não a minha. A dos outros. Porque não seria ético de minha parte culpar aqueles que saem de casa assistem 25 apresentações em um evento que tem cerca de 500 e tomam, de maneira precipitada, a decisão de cravar que esse mesmo acontecimento é bom ou ruim.
Ou, que ele melhorou ou piorou. Porque esse evento aconteceu 39 vezes e eu, estatisticamente, fui em 7. Feito o preâmbulo, o evento é o SXSW em Austin no Texas, EUA. E os reclamadores são aqueles que, no mínimo, matematicamente, estarão errados. Não de tese, e sim, de números.
Vamos à minha conclusão: ele foi ótimo. Porque saí de casa, conheci pessoas, assisti música, palestras e, no final das contas, aprendi. Mesmo em áreas de conhecimento que eu, prepotente, acho que sei muito como comunicação. Não basta trabalhar em algo para ser bom e você sabe disso quando o seu lateral-esquerdo não resolve o seu time.
Cheguem em uma conclusão comigo. Trabalhemos juntos e falaremos só de palestras e ou painéis em que vivi in loco. Astronautas norte-americanos e um canadense explicaram sobre o giro da Artemis II na Lua. Paixão e conhecimento despejados em microfones. Depois uma apaixonada CEO falando sobre privacidade — ou a perda dela — na internet. Medo.
Logo após alguém alimentando a incerteza, o saber que nada sei, a incerteza como mola de partir para cima e aprender mais. Que tal parar um pouquinho para ouvir de construção de legado com a turma comercial de Bluey, o desenho animado assistido por centenas de milhões que emociona até adultos bobalhões como eu espalhados pelo mundo?
E a apresentação de uma pesquisa feita por uma agencia de publicidade que focou no americano do interior e das zonas rurais? Dados, na cara, gritando, dizendo que comerciais só falam com os das capitais. Saí dessa sala, entrei em outra onde um homem, pensador, grita: “precisamos ser mais estranhos, inquietos, loucos e criadores”.
Só um louco para ouvir duas dezenas de horas, dezenas de pessoas e cravar: não aprendi nada.
Outro prédio e uma psicóloga dando aula sobre lidar com dores, com hiatos e a grandeza por trás disso.
Outro dia, outra sala, dois grandes entrevistadores de podcasts norte-americanos. A dor e o sabor de perguntar. O verbo mais importante para qualquer conhecimento. Vai para a sala grande porque lá está o baterista de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos falando sobre deixar quem gosta de mim feliz e a tarefa dificílima a ser realizada porque ninguém está satisfeito o tempo todo.
Deu. Mais uma IPA, mais conversas com dezenas de pessoas e volta para o Brasil. OK. Eu venci. E a vitória suada veio porque abri a cabeça. Ouvi vinte horas de papos. Só um louco para ouvir duas dezenas de horas, dezenas de pessoas e cravar: não aprendi nada.
O que trago do SXSW? Boa vontade. Com os outros, comigo, com o que não sei. A vida está em um maravilhoso gerúndio chamado “aprendendo”. E só continua realizando isso os de almas leves. É com esses, que ainda não sabem tudo — e, nós aqui sabemos que nunca saberão — que quero viajar por aí.