
Deixa começar com um poema:
Quando cresceres
Seja um bom homem, meu filho
Amigo de teus amigos
Sincero e trabalhador
Tenha humildade e a grandeza do perdão
E quando levantar do chão
Agradeça ao criador
Quando crescer
Domando vai entender
Porque que é que um aporreado
Não se amança e não se rende
É que a humildade quem não tem é uma desgraça
Quanto mais o tempo passa
Mais o tipo desaprende
Quando crescer
Tu usa tua inteligência
Para defender a inocência
Que toda criança tem
Como barranca de rio que cresce por dentro
O homem com sentimento
A alma cresce também.
Sabe quem escreveu? Mano Lima, o gaudério mais gaudério da música gaúcha. Um homem do campo, um homem “pra fora” como se diz. Quando eu crescer é o nome da música e essa parte que li é o pai falando pro filho.
O pai pede que o guri seja bom, amigo, sincero e trabalhador. Implora humildade e capacidade de perdoar. Que na vida se perde também, mas há de se ter força pra levantar e que a ajuda de Deus nunca pode ser desperdiçada. Mais pro final a humildade é lembrada e a maior das dicas repetirei os versos:
Quando crescer
Tu usa tua inteligência
Para defender a inocência
Que toda criança tem
Como barranca de rio que cresce por dentro
O homem com sentimento
A alma cresce também.
Lindo, Mano Lima. Lindo.
E, se o Mano Lima, estivesse aqui, ao meu lado, ouvindo eu falar isso, tenho certeza de que largaria a morta: se o homem que recita esse poema para uma criança não realiza tudo isso, o guri vai entender que é só lábia.
Porque ser humano é um bicho tão maravilhoso que detecta uma feia característica que encontra morada em corpos por aí: a hipocrisia. Não sou eu, é ciência, que garante: o bicho humano aprende mesmo com exemplo. Se você pede hombridade e não tem, esquece. Porque para mim, pra você e para uma criança a fala entrará por um ouvido e sairá, que nem um cavalo rápido e serelepe, pelo outro...