
A ciranda do futebol brasileiro não perdoa técnicos. O que aconteceu na Argentina parou na conta de Dorival Júnior, embora ele seja apenas um dos culpados pelo naufrágio da Seleção Brasileira.
Dorival é só a consequência. Mas será tratado como a causa de todos os problemas que vimos numa Seleção que, combinemos, reflete muito do nosso futebol brasileiro. Muitos talentos, pouca organização, processos e planejamento a médio e longo prazo.
Ednaldo Rodrigues, o presidente aclamado pelas 27 federações e pelos 40 clubes das Séries A e B, convocou reunião para esta sexta-feira (28) com Dorival e o diretor executivo Rodrigo Caetano. A tendência é de que tenhamos mudanças.
Porém, de nada adiantará mexer nas peças sem revisar a estrutura toda. Tite deu o caminho para manter a Seleção blindada das disputas de poder e dos equívocos da CBF. Nos seis anos em que esteve no cargo, montou um departamento dentro da CBF e exigiu autonomia. É como se houvesse uma CBF da Seleção dentro da CBF.
O próximo técnico, confirmada a saída de Dorival, precisará garantir na negociação poder de decisão e autonomia para o diretor executivo que estará com ele no departamento. Como fez Tite quando chegou com Edu Gaspar e, depois, com Juninho.
A Seleção precisa, neste momento, se fechar na sua sala e caminhar sozinha. O formato adotado até agora não funcionou. E estamos a caminho do quarto ocupante do cargo de técnico em três anos. O cenário nunca foi tão claro para quem, por ventura, vier a assumir a Seleção.