José Sérgio Leitão Carvalho, o Sérgio Caranguejo, chegou a Boa Vista em 1982, para ser defensor do São Raimundo. Aos 64 anos, é o presidente, cargo que ocupa desde 2011. Já foi lateral, zagueiro, treinador e preparador físico do clube.
O jogo contra o Grêmio é tratado como evento esportivo do ano em Roraima, estado que divide com o Amapá o ponto mais ao norte do Brasil.
Caranguejo não é definitivo, mas aposta que o jogo do dia 19 será no Estádio Canarinho. Houve proposta para trazê-lo a Chapecó, mas ele a considerou baixa. Por telefone, o dirigente conversou com a coluna.
Entrevista com o presidente do São Raimundo-RR
O jogo será em Boa Vista?
Só tem um estádio aqui que está liberado. Estamos dentro do prazo para enviar os dois laudos que faltam, o que vamos fazer até quarta-feira. O estádio é moderno, todo com cadeiras, não tem arquibancada. A capacidade, no geral, é para 5 mil pessoas.
O senhor vê possibilidade de o jogo ser levado para outra praça, como Brasília?
Se for por uma cota pequena, não vale a pena jogar em Brasília. Está todo mundo procurando já informação sobre os ingressos em Boa Vista. Uma vez por ano, vem um clube grande jogar aqui na cidade. O povo aqui é carente (de grandes jogos). Apareceram pessoas querendo comprar o mando, mas achei pouco (o que ofereceram). Outra, corremos o risco de passar de fase com essa nova fórmula. Não é qualquer time que chega aqui e vai ganhar porque é em Roraima. O futebol mudou muito, tanto que fomos a Belém e eliminamos o Remo, pela Copa Verde.
Quanto ofereceram para levar o jogo e para onde?
Ofereceram para levar a Chapecó, por R$ 300 mil, livres. Isso a gente faz aqui (de renda) e ainda passa o troco.
Quanto o senhor projeta de renda com o jogo em Boa Vista?
Ainda não fiz os cálculos. Mas deve dar uma boa renda. O ruim é que o Grêmio leva 40%, independentemente de ganhar ou perder.
Que laudos são esses que faltam?
Estão encaminhados, falta emitir e enviar. Todos os anos precisamos renová-los. A vistoria no estádio já foi feita e estão todos legalizados, laudos estrutural, do Corpo de Bombeiros, da Vigilância Sanitária e Crea. A Federação, acredito, já deve ter enviado alguns.
Quando começa a venda de ingressos?
A torcida já está procurando. A venda começa nesta terça (11). Até sábado (15), se ainda houver à venda, vamos fazer um balanço de quantos estarão disponíveis.
O Sao Raimundo é um clube jovem, não?
Foi fundado em 1963. Eu sou o presidente desde 2011. Em 2004, fomos campeões estaduais, e eu era o técnico, tinha parado de jogar e assumi o time. Em 2005, fomos campeões, com o treinador atual, o Chiquinho. Ficamos um período sem ganhar e, em 2011, reunimos os sócios, e acabei eleito. Colocamos o Chiquinho como técnico. Em 2016, iniciamos a série do octa, interrompida em 2024.
O senhor tem o mesmo técnico desde 2011?
Sim, de forma ininterrupta. Eu e o Chiquinho trabalhamos juntos no São Raimundo, ele foi meu jogador. Chiquinho nunca comandou outro time. Ele tem a Licença A da CBF e vai fazer a Pro neste ano. Estamos conseguindo êxitos importantes com ele, mesmo sendo um clube do Extremo Norte.
Como o senhor banca o São Raimundo? O clube tem um dono?
Somos associativos. Temos alguns patrocinares aqui, são poucos, não dá para cobrir a folha salarial. Sobrevivemos da Copa do Brasil, usamos a cota para pagar a folha. No ano retrasado, avançamos de fase ao eliminar o Cuiabá.
Qual o custo mensal do futebol?
A folha salarial é R$ 180 mil, fora alimentação e encargos. Somando tudo, dá em torno de R$ 250 mil.
O São Raimundo está na Copa Verde. Essa competição pode ser um outro caminho de ascensão?
Jogamos na quarta (12), contra o Amazonas, pelas quartas de final. Se vencermos o confronto, é ida e volta, estaremos na semifinal. Nunca tínhamos chegado a essa fase.
Uma curiosidade: por que o apelido Caranguejo, presidente?
O pessoal colocou quando cheguei aqui. Vim do Maranhão, jogava no Moto Club. Aliás, fui companheiro do Clemer, no início da carreira dele, no Tupã, quarta força do Estado. O apelido é porque eu dava muita voadora, dava muita tesoura. O caranguejo é o único animal que só entra na cidade amarrado. Se soltar, dá beliscada em todo mundo. Eu era lateral, depois virei zagueiro, e jogava dessa forma, beliscando (risos).