Grêmio e Inter abriram a porta de chegadas e anunciaram as primeiras contratações. Quem ouviu com atenção o que disseram os dirigentes não está surpreso. Elas estavam na prateleira que, hoje, o bolso da Dupla alcança. O torcedor, por mais que os dirigentes repitam o discurso, até o escutam, mas guardam lá no fundo a esperança de que seja só discurso. Não é. Pelo contrário, a janela na Arena e no Beira-Rio é choque de realidade puro.
A Dupla foi buscar dois jogadores que se destacaram no Juventude, cuja temporada 2024 foi comemorada pelo objetivo alcançado, de seguir na Série A. João Lucas, principalmente, e Ronaldo têm perfis de jogadores que podem, em uma estrutura organizada de time, crescerem e se tornarem afirmações.
Até aposto em João Lucas como titular da lateral-direita do Grêmio. Mas quando olhamos para o lado e vemos as investidas dos outros grandes percebemos que a distância econômica em relação a eles cresce em progressão geométrica. Não temos nenhuma capacidade de investimento.
O Inter, graças à venda de Gabriel Carvalho nos últimos dias de 2024, conseguiu o que parecia impossível: manter o grupo. Pelo menos até julho.
O Grêmio, por sua vez, acompanha com expectativa a compra de Andreas Pereira pelo Palmeiras. Só assim os paulistas, donos de cofre abarrotado, tiram o olho de Villasanti.
Essa é a nossa realidade. Ela precisa ser discutida profundamente e imediatamente. A cada dia, essa distância para os outros grandes só aumenta. A impressão é de que estamos nadando (e esforço não falta), mas sem sair do lugar.
Aliás, Kuscevic, zagueiro chileno pretendido na Arena, aceitou seguir no Fortaleza, que comprou seus direitos ao final do empréstimo. Ou seja, enquanto vemos os da frente se distanciarem, os que estavam atrás começam a nos passar.
A realidade deles
O Palmeiras assedia um jogador da Seleção Brasileira titular em seu time na Premier League. Isso dá a dimensão do poder econômico. No ano passado, o Botafogo buscou na Inglaterra Matheus Martins e Vitinho, e o Flamengo, Alcaraz, promessa argentina de 21 anos.
São mundos distintos daquele em que vivemos. O mesmo Botafogo está comprando do Santos o zagueiro Jair Cunha, uma das maiores promessas da posição surgida no Brasil nesta década. Pagará 14 milhões de euros, mais Tiquinho Soares, avaliado em 3 milhões de euros. Para o lugar do centroavante, negocia Cucho Hernández, 25 anos, colombiano que empilha gols na MLS, pelo Columbus Crew, e só perdeu para Messi como MVP da temporada.
Toda essa dinheirama, aliada a outros protagonistas, como Cruzeiro, Bahia e RB Bragantino, faz com que o mercado fique inflacionado e torne Grêmio e Inter periféricos na janela de transferências.