
Vivemos a maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul. Infelizmente, ela está longe de chegar ao seu fim. É uma dor e uma angústia que dilaceram a cada história que leio ou recebo pelas redes sociais.
A cada hora, a água avança e chega mais perto. Não há quem de alguma forma tenha escapado dessa enchente. Alguns diretamente, perdendo familiares, casa, esperança. Outros indiretamente. Porque é tão grande o desastre que alguém do seu circulo foi atingido. E quando um dos nossos é atingido, nós também somos.
Um amigo disse que a sensação dele é de que boa parte do Rio Grande do Sul está enfrentando uma segunda pandemia. Uma pandemia só sua, causada pela água.
Esse espaço aqui é para falar de futebol, da paixão que ele mobiliza, das receitas que gera, do sabor das vitórias. Mas não tem como falar de futebol. Não há como pensar em futebol neste momento. Não há ânimo. E se houvesse algum traço de ânimo, não nem lugar para treinar. Não há aeroporto, estrada, meio de sair para cumprir uma rodada.
O RS está afogado, pela água e pela dor. Será que a CBF se deu conta disso? Será que entenderam que por semanas, talvez meses, não haverá como pensar em futebol na ponta sul do Brasil? Quando se perde tudo, a gente não quer pensar em nada. Nem mesmo em futebol. Eu receio, de verdade, que a temporada dos nossos times esteja comprometida. Mas isso, meu caro, é o menor dos problemas que o Rio Grande do Sul tem pela frente.
Em tempo, soube que os presidentes Alberto Guerra e Alessandro Barcellos mantêm conversas frequentes desde o final de semana, afinando o discurso e se unindo para engrossar a voz no debate que precisarão estabelecer com a CBF. O pedido será de 20 dias sem futebol.
O Juventude, o Ypiranga, o São José, o Caxias, o Brasil, o Novo Hamburgo e o Avenida precisam entrar nesse coro. Porque, insisto, não há ambiente nem ânimo para se pensar em futebol neste momento.