Guerra do Chaco deixou quase 100 mil mortos e se tornou o conflito mais sangrento da América do Sul no Século XX. Foram três anos, entre 1932 e 1935, de uma disputa feroz entre Paraguai e Bolívia. Por trás dessa guerra, estavam os interesses de Grã-Bretanha e Estados Unidos, através de suas multinacionais do petróleo.
A Shell, dos britânicos, e a Standard Oil, norte-americana, viram perspectiva de lucros em sondagens que haviam detectado petróleo na região do Chaco Boreal, no sopé dos Andes. Até então, nem Bolívia, nem Paraguai davam muita bola para aquela região cuja fronteira entre os dois países estavam pouco claras. Os bolivianos avançaram e tomaram um posto de controle paraguaio e, assim, iniciou-se o confronto. É aqui que entra o The Strongest na história. Na verdade, na História.
Em 1934, a Bolívia enfrentava baixas significativas em suas linhas e padecia com o ataque do exército paraguaio, melhor acostumado ao clima úmido e quente do Chaco. Os soldados bolivianos eram, em grande parte, indígenas cooptados no altiplano, onde o clima é mais frio.
Os paraguaios estavam a 100 metros dos poços bolivianos quando o esquadrão formado por 600 sócios, dirigentes e jogadores do The Strongest foi chamado para a linha de frente na região do Chaco Boreal. Para se ter ideia do tamanho desse contingente, o clube contava, na época, com 1.500 associados.
Foram 15 dias de batalha numa região conhecida como Cañada Esperanza. Os bolivianos conseguiram fazer com que os paraguaios recuassem e mantiveram os poços de petróleo. O enfrentamento ficou conhecida como Batalha de Cañada Cochabamba. Mas, pela participação do pelotão do clube, foi rebatizada como Batalha da Cañada The Strongest. O clube também havia transformado sua sede administrativa em centro de correspondência dos soldados.
As famílias eram atendidas por funcionários do time para enviar e receber cartas do front. Ainda hoje, a participação na guerra é motivo de orgulho do clube. Em agradecimento, o governo cedeu a área onde atualmente funcionam as escolinhas do The Strongest.
Ao final dos conflitos, o Paraguai manteve boa parte da área do Chaco Boreal, mas teve acesso restrito à zona onde estavam os poços de petróleo. A Bolívia, por sua vez, não teve acesso ao Rio Paraguai que tanto buscava para chegar ao mar. Assim, ninguém ganhou, se perderam quase 100 mil vidas, e as multinacionais seguiram lucrando.
O Estádio Defensores del Chaco recebeu esse nome em 1974 numa homenagem aos soldados que estiveram nas frentes de batalha no norte do país. Antes de embarcar para o Chaco Boreal, eles passavam pelo estádio para assistir a uma missa, receber a bênção de um padre e uma medalha da Virgem María Auxiliadora.