Thiago Gomes topou deixar uma situação estável no São José pelo desafio de assumir o Sampaio Corrêa. A mudança se deu no começo de dezembro e causou surpresa, afinal recém havia renovado no Passo D'Areia, depois de o acesso à Série B ficar por um gol.
Há exatos quatro meses no Maranhão, o treinador, que dirigiu o time de transição do Grêmio e já comandou o time profissional interinamente, comemora o começo com bons resultados. Está na terceira fase da Copa do Brasil e começa a decidir o título estadual. Seu capitão é Cortez, ex-Tricolor, a quem transformou em zagueiro, e seu centrovante é Bruno Baio, ex-Inter. Por telefone, Thiago conversou com a coluna sobre sua entrada no mercado nordestino. Confira.
Como está essa vida de técnico no Maranhão?
Estou me adaptando bem, com bastante calor (risos). Esta é minha segunda experiência no Nordeste. Em 2016/2017, fui auxiliar do Falcão no Sport. A cultura é bem diferente da nossa, mas o pessoal do clube é muito receptivo, o que ajuda nessa rápida adaptação. Conto com uma comissão técnica boa, que encontrei aqui. Trouxe apenas o auxiliar (Fabiano Feijó), o preparador (Hilário Teixeira) e o analista de desempenho (Fernando Fraga), que estavam comigo no São José.
Qual a estrutura que você encontrou no Sampaio Corrêa?
O clube tem boa estrutura. A academia é bem equipada, temos todo material para treino, há um alojamento, quase um hotel, dentro do CT, onde fazemos concentração para os jogos. A alimentação fornecida pelo clube é de ótima qualidade. O que tem de evoluir é nos campos de treinos. Temos dois, um para o profissional e outro para a base. O plano do presidente é, em um ano e meio no máximo, aumentar a quantidade de campos.
Quando esteve aí, há 10 anos, Lisca me concedeu uma entrevista e contou dos desafios do dia a dia no clube em relação à estrutura...
Evoluiu bastante desde lá. O presidente Sérgio Frota melhorou muito a estrutura, o clube cresceu bastante, estava na Série B. Tudo aqui passa pelo presidente. O contato é direto e reto aqui com quem comanda. Temos um executivo, Pedro Soriano, que auxilia o presidente no dia a dia. Minha relação no clube, assim, é com duas pessoas. Não existe aquilo de passar por várias instâncias. O presidente é um cara bom de trabalhar, está há muitos anos no futebol.
Como é essa história de o Cortez ser teu zagueiro?
Liguei para ele no começo do ano e falei que tinha uma ideia: "Vamos fazer a transição de lateral para zagueiro? Quero zagueiro canhoto com qualidade para sair jogando. Acho que tu, de zagueiro, vais ganhar mais três ou quatro anos de de carreira, jogando em bom nível". Ele topou. É titular, um dos capitães e um dos mais regulares da minha campanha aqui.
Aliás, o Cortez não é o único cascudo deste teu grupo, né?
Não, tenho o Felipe, goleiro, ex-Corinthians, também muito regular, outro líder. Me ajuda muito. Isso tem sido importante, tenho vários líderes no grupo. Alguns da casa, como o Eloir, o Ferreira e o Pimentinha, são caras que jogaram muitas Séries B. Nosso momento é bom, tudo deu certo. Faltam dois jogos para sermos campeões estaduais.
Faltou engatar a Copa do Nordeste apenas?
Caímos nos pênaltis na fase preliminar. Mas embalamos nos últimos dois meses. Estamos há 11 jogos sem perder. Nessa sequência, temos duas classificações na Copa do Brasil e dois jogos decisivos na semifinal, contra o Imperatriz. São três classificações nesse curto espaço de tempo. São 65 dias sem perder.
A logística é muito complicada, de São Luís para Imperatriz, por exemplo, deu 15 horas de viagem. Tivemos dificuldade na alimentação nos hotéis no Interior, por questão cultural. Muda muito o tempero. Como trouxe vários jogadores do Sul e do eixo Rio-SP, precisamos cuidar da alimentação deles.
THIAGO GOMES
Treinador do Sampaio
Quais têm sido os maiores desafios?
A logística é muito complicada, de São Luís para Imperatriz, por exemplo, deu 15 horas de viagem. As logísticas são difíceis. Tivemos dificuldade na alimentação nos hotéis no Interior, por questão cultural. Muda muito o tempero. Como trouxe vários jogadores do Sul e do eixo Rio-SP, precisamos cuidar da alimentação deles. O Hilário, preparador, fica na cozinha, conferindo a forma de preparo, os temperos usados. Não é que seja ruim o tempero, é pela falta de adaptação dos atletas mesmo. Há também uma virose que pega toda hora aqui. Temos de cuidar os atletas. O clube nos dá todo o suporte para enfrentar isso.
Você falou do calor. Para quem encara Porto Alegre no verão, muda muito?
Os treinos tem de ser no final de tarde. Pela manhã, a partir das 9h, até as 15h, a sensação fica entre 35ºC e 38ºC. 0s jogos são início da noite por isso. Precisamos sempre treinar no fim de tarde. É a única forma de ter um treino com alto padrão físico. Os jogadores sentem muito nesse calor.
O que o motivou a fazer esse movimento de trocar um clube de Série C por outro?
Aceitei o convite porque representava a oportunidade de trabalhar em um clube de torcida e para abrir mercado no Nordeste. É um clube que tem potencial de brigar pelo acesso, por títulos. Poderia me colocar numa disputa para ser campeão. Estamos numa final agora, em condições de levar. Buscaremos alguns jogadores para a Série C. Mas nosso investimento será de nível médio se compararmos com os concorrentes.