Léo Jardim poderia ser hoje o goleiro titular do Grêmio. Porém, é mais um daqueles casos de avaliação equivocada e escolhas duvidosas comuns nos clubes com relação aos jogadores da base. Léo acaba de ser convocado por Dorival Júnior para a Seleção Brasileira. Ocupará o lugar de Ederson, lesionado no último fim de semana, horas antes de ele fechar o gol do Vasco e fazer 16 (!) defesas contra o Nova Iguaçu.
Monitorei a trajetória de Léo Jardim desde que decidiu deixar a Arena em busca de minutos no Rio Ave, em Portugal, na metade de 2018. Havia Grohe à sua frente, o que é autoexplicativo para sua reserva. Porém, o que o incomodou e o fez deixar o clube em que estava desde a base foi a perda de ainda mais espaço com a contratação de Paulo Victor, no começo de 2018. Léo virou o quarto goleiro, atrás ainda de Bruno Grasi, em último ano de contrato.
Por coincidência, sua compra pelo Rio Ave, seis meses antes do prazo, se deu justamente quando Grohe também era vendido ao Al-Ittihad. O Grêmio tentou trazê-lo de volta, mas era tarde. Não havia brecha no contrato. Os portugueses o compraram em janeiro de 2019 por 1 milhão de euros, valor estipulado, e o revenderam em junho por 6 milhões de euros ao Lille em junho. Sua vida na França foi com poucos minutos. Na temporada seguinte, estava de volta a Portugal, emprestado ao Boavista. Brilhou, passou nove rodadas sem levar gol e chamou a atenção pelo fato de, em 12 pênaltis contra ele, apenas seis terem entrado.
Na volta ao Lille, começou como titular, perdeu o lugar para o francês Chevallier. Em janeiro de 2023, voltou ao Brasil comprado pelo Vasco, por 2,3 milhões de euros. Chegou respaldado pelo preparador de goleiros Daniel Crizel, que o conhecia do tempo em que havia trabalhado no Grêmio. Aos 28 anos (faz 29 no dia 20, na Seleção), virou unanimidade no Rio. Cumpre trajetória muito parecida à de Fernando Prass, outro formado no Grêmio e que saiu para ganhar espaço longe de Porto Alegre. Os cariocas também comparam sua história à de Cássio, que também saiu sem minutos de Porto Alegre, passou pela Holanda e chegou quase anônimo ao Corinthians.
Léo fez apenas poucos jogos no Grêmio. O mais marcante foi o de volta, nas quartas de final da Copa do Brasil de 2016, contra o Palmeiras. Entrou no lugar de Grassi no segundo tempo. Depois disso, atuou em três partidas com os reservas na reta final do Brasileirão daquele ano. De 2019 para cá, o Grêmio ainda tenta afirmar um goleiro. Teve Paulo Victor, Vanderlei, Julio Cesar, Brenno, Chapecó, Adriel e, agora, aposta em Caíque e Marchesín.