
Há uma coincidência em parte desta série sem vitórias no Brasileirão. Sempre que precisou enfrentar adversários com linhas baixas e um modelo de jogo mais de reação do que de proposição, o Inter parece ter se enroscado em um emaranhado ofensivo. Fica com a bola, trabalha, troca passes, mas falta-lhe contundência. É como se batesse em uma parede defensiva sem conseguir transpô-la.
Vamos lá. Foi assim contra Cuiabá, Corinthians, Fortaleza e, sábado, contra o Goiás. Não à toa são dois empates apenas e só três gols marcados em quatro jogos. Isso explica parte dessa dupla identidade, de ser um time no Brasileiro e outro completamente distinto na Libertadores.
Aliás, essa dualidade de personalidade também reforça o que tenho defendido no Sala de Redação e em outros espaços aqui na RBS. Para o Inter, pegar o Fluminense na semifinal e não o Olimpia tem um aspecto positivo. Esse Fluminense de Fernando Diniz tem na proposição de jogo a sua raiz. Não baixará linhas no jogo de ida, buscará o resultado e, mais, seguirá fiel ao estilo de jogar sempre com a bola no pé. Principalmente, no começo da construção das jogadas. É neste ponto que reside uma das armas deste Inter de Coudet. Sem a bola, ele marca alto, tenta roubá-la o mais próximo da área adversária possível. Caso precise articular, necessita de espaço. O que o Fluminense concede.
Aqui, é bom frisar, não se está falando de qualidade individual ou mesmo do conjunto técnico. A abordagem é de característica de jogo, da forma de se portar sem e com a bola. O Olimpia, vamos combinar, seria mais de Goiás, Fortaleza, Cuiabá e Corinthians. O que, vimos, dificulta a aplicação do jogo estabelecido por Coudet. Foi assim no sábado, quando encerrou a partida com 61% da posse de bola, trocou 510 passes certos (o dobro do adversário) e saiu de campo com apenas dois arremates a gol. Nenhum deles no segundo tempo. São números que mostram o quanto um rival retrancado embaraça o Inter.
O destino fez chegar a vez de Lucca no Inter
Enner Valencia não entrará em campo contra o São Paulo depois de cruzar a América do Sul e tendo jogado na véspera. Luiz Adriano está suspenso e Pedro Henrique, com o braço imobilizado pela fratura sofrida em Goiânia, não poderá jogar. Portanto, chegou a vez de Lucca, o guri que salvou cinco pontos na fase de grupos e colocou o Inter nas oitavas.
No sábado, em Goiânia, ele já entrou como primeira opção do ataque no segundo tempo. Cavou essa oportunidade nos treinos. Sábado, foi chamado antes até mesmo do que Pedro Henrique. Só há uma observação a ser feita em relação ao Lucca. Tanto na era Mano Menezes, quando recebeu as primeiras chances, quanto no sábado, ele entrou como segundo atacante, mais pelo lado. Contra o São Paulo, precisará fazer as vezes de Enner, sendo o jogador mais projetado e acionado por Alan Patrick, hoje o segundo atacante do time.
Até a partida com o São Paulo, serão 10 dias a serem usados por Coudet para equalizar questões físicas e trabalhar seus conceitos táticos. Porém, sem Rochet, Aránguiz, Johnny, Mauricio e Enner, convocados, e Vitão e Pedro Henrique lesionados. À lista de ausências, acrescente-se Luiz Adriano, suspenso. Ou seja, o time para encarar os paulistas será um misto forçado. Lucca, aliás, será o único atacante disponível.