Mano Menezes segue no cargo. O que se desenhou a partir do final do Gre-Nal se confirmou pouco menos de 24 horas depois. O Inter muda nos bastidores do vestiário. Troca o diretor executivo, William Thomas, e o coordenador, Sandro Orlandelli.
Antes, já havia demitido o preparador físico. O que mostra a confiança do presidente Alessandro Barcellos no trabalho do seu técnico, mesmo com a série de resultados ruins e uma temporada de raros momentos de futebol de alto nível.
A série de mudanças nas últimas duas semanas mostra que havia uma fenda no vestiário. De um lado, estava Mano, com seu auxiliar Sidnei Lobo. Do outro, o executivo Thomas e os dois profissionais indicados por ele.
As entrevistas ao final do Gre-Nal expuseram essa fratura. Mano e o executivo foram por caminhos opostos nas declarações, mesmo que, no vestiário, tenham recebido a mesma orientação. O que resultou numa cena constrangedora, com o técnico exposto diante dos jornalistas.
O fato é que Mano começa, na quinta, sua segunda era dentro do Inter. Ele sai fortalecido, afinal deixam o clube o executivo, o coordenador e o preparador físico. O trio, pode-se dizer, era da mesma vertente.
Até porque haviam chegado a partir do trabalho de Thomas como executivo. Mano e Sidnei, por sua vez, desembarcaram já quando ele estava aqui, mas suas contratações tinham o respaldo de Paulo Autuori, à época o coordenador técnico.
Aliás, Autuori era quem fazia as vezes de ponte entre os mundos de Mano e Thomas. Muito próximo do técnico, Autuori o ouvia e trocava ideias sobre futebol e até mesmo o time. Sua saída na reta final do Brasileirão criou esse vácuo.
Para quem orbita o vestiário e os bastidores do Beira-Rio, há a certeza de que Mano segue. Até o próximo jogo. Sua continuidade está, sim, ligada ao resultado. Uma derrota ou empate com o Metropolitanos, na quinta terá efeito de tonelada nas já pesadas costas do treinador. A partir da decisão desta segunda, Mano terá de buscar jogo a jogo a sua estabilidade.
Primeiro o jogo em Caracas, depois contra o Bahia, cujo resultado ruim pode até empurrar o time para o Z-4. Mesmo que esse jogo de domingo seja de alta complexidade, com uma longa viagem de volta da Venezuela na sexta, pode ser definidor do futuro do técnico. Será assim até que o time esteja, outra vez, robusto. Ou até o próximo jogo.
Debates
A reunião que definiu pelas mudanças no departamento de futebol foi longa e quente. Houve divergências entre os cinco integrantes do Conselho de Gestão, que representam os três movimentos politicos que formam a base.
Uma parte, incluindo Alessandro, foi contra trocar de técnico agora. Um outro grupo defendeu a mudança. Porém, a avaliação é de que o mercado está restrito para o Inter, por duas razões: tempo e dinheiro. O tempo se explica porque a gestão acaba no final deste ano.
A meta traçada é de que não pretende deixar, para o próximo triênio, uma herança como um técnico sob contrato ou parcelas a serem pagas de uma rescisão. O dinheiro é que, para um novo técnico aceitar o desafio de assumir até dezembro, o preço será salgado. Caso optasse por buscar um nome de consenso dentro do clube, incapaz de provocar debates políticos, o valor ultrapassaria o planejado para gastar.
Rendimento
Mesmo que Alessandro Barcellos tenha defendido a permanência de Mano, há entre os dirigentes uma cobrança para que o rendimento do time tenha uma melhora significativa. O discurso geral é de que os problemas físicos atrapalharam Mano Menezes.
O time tinha dificuldades para sustentar, por mais de 45 minutos, um jogo mais intenso e agressivo, como era feito em 2022. Porém, é consenso de que, mesmo com alguns reforços de maior quilate por chegar, era possível apresentar um futebol de melhor nível técnico.
O Inter, em maio, fez apenas três gols. Nenhum deles foi marcado pelos atacantes (Mercado, De Pena e Johnny fizeram). Por outro lado, o time levou 13. São cinco derrotas seguidas e, à exceção de 30 minutos iniciais contra Nacional e Athletico, as atuações têm decepcionado.