São 10 jogos sem derrota. Mas apenas quatro vitórias e apenas 12 gols marcados. Os números mostram que o Inter de Mano Menezes ainda tem um um caminho pela frente. O passo inicial foi dado, o da estabilização defensiva. A equipe, sob o comando do técnico, levou apenas cinco gols em oito partidas. É o que sustenta essa série invicta, aliás. Porém, para ela ganhar cores é preciso que o ataque atue nesse mesmo padrão. Quando falo em ataque, é sempre bom frisar, me refiro ao sistema ofensivo do time, de criação e execução das jogadas.
Mano encontrou um caminho a partir do jogo contra o Corinthians, uma forma de construir os ataques, distribuindo o time em um 3-2-5, em que o três corresponde aos zagueiros e ao lateral-esquerdo, o dois são os meio-campistas Dourado e De Pena, e o cinco é composto por Bustos e Wanderson dando amplitude, Edenilson infiltrando e Alan Patrick mais perto de David, dialogando com o jogador mais avançado. A partir da roubada de bola numa marcação forte na intermediária, o Inter saía em transição ultrarrápida para o ataque com, pelo menos, cinco jogadores.
A ideia foi mantida contra o Independiente Medellín, com uma variação apenas, que foi a retenção de De Pena para dar mais liberdade a Dourado. Edenilson fez os dois gols, o que mostra que ele voltou a ter sua agressividade ofensiva. O time perdeu outras tantas chances, com muita gente sempre pisando na área. Mas, no sábado, o Cuiabá não fez o jogo franco de Corinthians e Independiente. Pelo contrário. Fechou caminhos, jogou com linhas muito próximas e pouco deu ao Inter a chance de atacar o espaço. As melhores chances, e foram poucas, vieram de jogadas individuais. Principalmente, com Wanderson, o maior escape do time.
As mudanças feitas no time, principalmente, a entrada de Liziero, tiraram um pouco da força ofensiva. Liziero é mais horizontal, De Pena, por outro lado, vertical. Mas não foi só por isso que o Inter esteve tímido no ataque. Faltou um repertório maior. Para elaborá-lo, é preciso dar tempo e, principalmente, mais sessões de treino. O que, no atual contexto, é artigo de luxo. Um problema que Mano terá de resolver rapidamente. Já são quatro empates seguidos.
A HISTÓRIA DE ENZO
Foram dois anos sem atuar, por conta de duas cirurgias, uma delas no joelho. Por isso, cada passo firme dado por Enzo Costa nesta temporada é comemorado. O guri de 19 anos vem ganhando minutos no sub-20 do Inter. Atua como um meia-atacante, por trás do centroavante, como fazia o pai com maestria.
O pai, vocês, sabem, é Fernandão, o eterno ídolo dos colorados e um dos sujeitos de mais alto nível que conheci nesta minha vida como jornalista esportivo. O aproveitamento de Enzo no sub-20 é levado com todo o cuidado pelo Inter. No ano passado, por exemplo, quando houve alguns treinos no sintético do São José, ele ficou no CT do Parque Gigante, na grama natural. Chegou a ser incluído por Miguel Ramírez em algumas atividades.
Quem acompanha a base de perto percebe uma boa evolução no guri. Na quinta-feira, ele fez gol contra o Novo Hamburgo, no 7 a 0 no Estádio do Vale. No sábado, deu passe para o terceiro no 3 a 0 sobre o Nacional, no Sesc Campestre. Enzo sabe da pressão que sempre há sobre os filhos dos grandes ídolos. Os mais próximos garantem que ele lida bem com isso. "Ele está construíndo a própria história", diz uma pessoa muito próxima da base colorada.