Aqui escreve um fã de Jean Pyerre. Alguém que saboreava as atuações dele até a lesão muscular sofrida em setembro de 2019 e, depois, naquela reta final de 2020. Aliás, foi nesse período que encantou a todos, mereceu coluna do craque Tostão e havia até discussão se seria chamado por Tite, para a Seleção principal, ou por André Jardine, para o pré-olímpico.
Só que Jean Pyerre parece ter perdido o embalo. Desacorçoou. O que é um crime para o futebol, que carece de jogadores com a capacidade técnica dele e, principalmente, dessa função de criador, do cara que pensa o jogo e dita os caminhos de um time.
Conversei poucas vezes com Jean Pyerre. Mas o suficiente para perceber que se trata de um jogador com discernimento e capacidade de compreensão acima da média.
À distância, me parece que Jean se perdeu em conflitos criados ali atrás, ainda na Era Renato. Os dois, era notório, se suportavam e mantinham uma relação respeitosa. Nada além disso. Quando Jean se impunha com a bola, Renato aceitava. Quando perdia rendimento, o técnico o sacava. Só que essa guerra fria criou um emaranhado na cabeça jovem do meia. E ele se perdeu nesse emaranhado.
Parece viver em constante conflito interno. Jean precisa desmanchar esse emaranhado e se dar conta de que o futebol não vai esperar por ele. Nem desacelerar para jogar no seu ritmo. Ele tem um talento especial, fora do comum. Mas precisa agregar a isso o instinto de sobrevivência que o campo exige.
Está claro que os ares de Porto Alegre e da Arena não ofereçam a ele o oxigênio para isso. Seu destino deve ser mesmo o Alavés, no País Basco. Aos 23 anos (completará 24 em maio), chegou a hora da verdade para Jean. Tomara que ele tenha se dado conta disso. Para o bem do futebol.