Os descaminhos do Inter na Libertadores, com tropeços em La Paz e na Venezuela, tornaram a noite em Assunção um mata-mata. Sim, é uma situação inesperada e constrangedora até, diante da qualidade dos adversários e do nível técnico deste do Grupo B. Mas a tabela exige uma jornada pragmática. É preciso pontuar contra o Olimpia. Tanto quanto é proibido perder para um time que saiu do Beira-Rio humilhado e desceu de La Paz ressuscitado e disposto a vingar o 6 a 1 do Beira-Rio. Aliás, esse é só mais um dos ingredientes da noite desta quinta-feira (20).
Miguel Ángel Ramírez levou para a Assunção o peso de uma derrota de virada em Gre-Nal e o fardo de um ciclo azul que não se iniciou com ele. Mas é impossível desvincular o domingo desta quinta-feira. Houve conversas no Beira-Rio, houve cobranças e questionamentos. Houve, inclusive, cobranças entre os jogadores. O diagnóstico disso é que o time cansa no segundo tempo, sente o peso do acúmulo de jogos.
Haverá mudanças para esta noite. Algumas são por preservação, outras por opção técnica ou estratégica do jogo. No segundo caso, estão as entradas de Lucas Ribeiro na zaga e de Yuri e Caio Vidal no ataque. Os dois guris podem ser explicados pela leitura de um jogo no qual o Olimpia partirá para cima e buscará, a todo o custo, vencer e limpar sua barra. O time está fora da luta pelo título do Apertura paraguaio e é só o quarto colocado, nove pontos atrás do virtual campeão, o Libertad. Faltam duas rodadas. Há ainda uma pressão grande pelo 6 a 1 do Beira-Rio.
Por isso, define-se a partida desta noite como a principal do ano para o clube. Tudo isso, aliado ao entusiasmo da vitória sobre o Always na altitude, deve fazer com que o Olimpia seja agressivo. E o Inter, um pouco mais contido para ocupar esses espaços atrás da defesa com a potência de Yuri e Caio.
Ramírez também pode fazer um ensaio do que virá ali na frente. Há um questionamento interno por um maior aproveitamento de Johnny. Dourado pode ser um dos nomes preservados. Mas, mais do que descansar o titular, a noite em Assunção pode servir para que seja observado um jogador mais cerebral e com características de armação na função de centromédio. O tremor provocado pelo Gre-Nal causou escoriações em Dourado.
Assim, ainda sentindo os efeitos de um clássico, o Inter parte para um jogo que ganhou centralidade na temporada. É consenso no Beira-Rio de que uma eliminação precoce na Libertadores, em um grupo tecnicamente fraco, elevará a pressão para níveis próximos do insuportável. O que não é nada bom para um projeto de ruptura que está apenas se iniciando.
Olimpia terá três volantes
Sérgio Ortemann treinou na hora do jogo. Nesta quarta-feira (19), ele trabalhou na Villa Olimpia, o complexo esportivo do clube na cidade de Fernando de la Mora, vizinha a Assunção. Ali, Orteman confirmou a mesma equipe que ganhou do Always Ready na semana passada, em uma jornada épica na altitude. O plano do uruguaio é começar o jogo com a mesma postura e deixar jogadores de mais ofensivos, como Alejandro Silva e Derlis González, por exemplo, para uma segunda parte do jogo.
Sérgo Orteman vinha sendo muito questionado pela torcida por mudar time e esquema a cada jogo. O êxito em La Paz, pelo jeito, o fez encontrar uma formação definitiva. O esquema será o 4-3-2-1, com três jogadores de mais força na parte defensiva do meio-campo (Richard Ortiz, Ojeda e Quintana) e dois meias-atacantes de chegada à área (Jorge Recalde e Marcelo Estigarríbia). Esses dois terão a obrigação de encostar no centroavante Walter González, de 1m85cm e boa imposição física.