A série de sete jogos sem perder, sendo seis vitórias seguidas, faz Abel Braga flanar no Beira-Rio. Nos bastidores, o técnico mostra otimismo em buscar o tetra brasileiro e dar ao clube um título que não conquista há 41 anos.
O sorriso e a alma leve percebidos nas entrevistas se repetem no vestiário e no trato com jogadores, seus pares de comissão técnica e dirigentes. A confiança está alicerçada em uma ideia de jogo estabelecida, depois um começo com instabilidade e até mesmo uma crise de identidade da equipe.
Abel está exultante pelo fato de, em 25 dias, ter deixado o Inter ao seu modo, trafegando por uma estrada que considera mais segura.
Se os resultados aproximam o Inter de Abel e aquele criado por Eduardo Coudet, o modelo de jogo faz deles equipes totalmente distintas. São conceitos diferentes em campo.
O time do primeiro turno marcava já a partir do ataque, pressionava o adversário e fazia da recuperação pós-perda da bola a sua arma. Armava desarmando e partia para o ataque. Se não conseguisse acossar o rival assim, fazia da posse de bola uma estratégia de controle das ações.
A começar pela saída de bola, feita com três jogadores e fazendo dos zagueiros responsáveis pela construção de uma trama limpa de bola. Isso acontecia com o time ocupando o campo de ataque com, no mínimo, sete jogadores, tendo nos laterais os responsáveis por alargar o gramado, dando a famosa "amplitude".
Isso favorecia Thiago Galhardo, por exemplo. Como meia de origem, ele sabia se aproveitar das trocas de passes e da circulação. Favorecido também pela companhia de um outro atacante, no caso Abel Hernández, para tabelas.
Já com Abel a ideia de armar desarmando prossegue, mas em uma faixa muito recuada de campo. O começo da marcação se dá a partir da intermediária. Isso faz com que Moledo e Cuesta atuem mais protegidos e não precisem sair tanto à caça. O que os favorece.
Há uma permissão para que o adversário avance com a bola e busque o envolver com troca de passes. A recuperação da posse o ponto de partida para que se inicie o contra-ataque, geralmente, pelos pés de Edenilson, principalmente, e Patrick, que buscam acionar Caio Vidal. Abel buscava um jogador com essa velocidade e capacidade de vencer duelos individuais quando pediu para observá-lo em um treino.
O Inter deste returno marca muito em um 4-1-4-1, congestionando o meio-campo e esperando para sair de forma vertical. Não à toa, um levantamento do site Sofascore aponta os colorados como a terceira equipe no ranking dos que menos precisam de toques na bola para fazer um gol. São 420, em média, contra 411 do Ceará e 418 do São Paulo.
Em resumo, há um outro Inter em campo. Para deleite dos colorados, com os resultados parecidos. O que comprova o seguinte: não há ideias melhores ou piores de jogo. Mas, sim, diferentes.